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ALTAS TEMPERATURAS

Pernambuco registrou mais de 500 mil raios até abril; mudanças climáticas podem ser causa do aumento de 80%

Tendência é que fenômeno continue crescendo nos próximos anos, de acordo com especialistas.

2 de junho de 2024
Iris Costa, Juliana Cavalcanti, g1 PE
4 min. de leitura
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Foto: Reprodução/Whatsapp

Mais de 200 mil raios caíram em Pernambuco até o fim de abril, segundo um levantamento feito pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), o primeiro grupo de pesquisa sobre raios do Brasil, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número é 81,37% maior do que o registrado em 2023 durante o mesmo período.

Se consideramos apenas os raios que atingiram o solo, chamados de “nuvem-solo”, em 2023 o Elat/Inpe registrou 115.058 raios no estado até o dia 30 de abril, contra as 217.171 descargas atmosféricas do mesmo tipo observadas no mesmo período deste ano, uma alta de 88,75%.

Somando os raios “nuvem-solo” com os que são formados dentro das nuvens e não chegam a atingir a terra (“intra-nuvem”), Pernambuco registrou nada menos que 539.213 raios entre 1º de janeiro e 30 de abril de 2024. (confira a tabela abaixo).

Entre os fatores que podem explicar esse aumento, estão as mudanças climáticas provocadas pelo efeito estufa, que têm ocasionado efeitos variados e intensos na atmosfera, nos oceanos e nas camadas de gelo.

Raios em Pernambuco

AnoJaneiro/abril 2023Janeiro/abril 2024
Nuvem-solo (NS)115.058217.171
Intra-nuvem (IN)182.237322.042
Total297.295539.213

Foi o que explicou professor Zanoni Lins, coordenador do curso de engenharia elétrica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em entrevista ao g1.

“Com o aumento da temperatura dos oceanos, aumenta o processo de evaporação; e com isso, a quantidade de nuvens. Com mais nuvens, ocorrem mais descargas atmosféricas, provocando um maior número de raios”, pontuou.

O professor acrescentou que a tendência é que esse fenômeno continue crescendo nos próximos anos, inclusive em áreas urbanas. Nessas áreas, a maior incidência raios está relacionada à formação de ilhas de calor e à maior concentração de poluição.

Segundo informações do Elat, existe uma estimativa de que para cada grau de aumento da temperatura no planeta, aumente de 10% a 20% o número de relâmpagos, e a região tropical é a mais afetada.

Outros fatores que podem influenciar o maior número tempestades e de raios são os fenômenos climáticos El Niño e La Niña – provocados pela alteração da temperatura da água do Oceano Pacífico, interferindo na circulação dos ventos e nas temperaturas.

O professor Zanoni Lins, da UFPE, destacou que o Brasil é o campeão mundial de raios. De acordo com o Elat, são 78 milhões de descargas atmosféricas por ano, e alguns fatores influenciam na liderança desse podium, segundo Zanoni Lins:

  • Altas temperaturas;
  • Índice de evaporação elevada;
  • Ventos fortes;
  • Composição do solo.

Fonte: g1 Pernambuco

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