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QUASE EXTINTOS

Periquitos-cara-suja são reintroduzidos em reserva de Caatinga

Estratégia de ONG protetora é reintroduzir a espécie em localidades com Caatinga conservada onde a ave já existiu.

7 de julho de 2024
Ricardo Melo
3 min. de leitura
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Foto: Fábio Nunes/Aquasis

Dezenove periquitos-cara-suja (Pyrrhura griseipectus) foram reintroduzidos em uma unidade de conservação particular localizada entre Buriti dos Montes (PI) e Crateús (CE). A ação foi realizada em 20 de junho pela ONG Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), que mantém um projeto de conservação da espécieVítima do tráfico de animais e do desmatamento, a ave já chegou à beira da extinção.

A nova casa dos 19 periquitos, a Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), pertence à Associação Caatinga e é a maior reserva particular do patrimônio natural (RPPN) do Ceará. A unidade possui 6.285 hectares e é reconhecida pela Unesco como Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Caatinga por abrigar uma representativa área do bioma conservado pela sua interação com as comunidades rurais do seu entorno. A espécie já existiu na região, mas foi extinta pela ação humana.

“Boa parte das áreas onde o cara-suja já ocorreu não apresenta mais ambiente adequado. As áreas onde a espécie já ocorreu e hoje são protegidas são as áreas prioritárias para reintrodução, principalmente para o futuro da espécie, pensando em cenários pessimistas de mudanças climáticas”, informou a Aquasis.

Nos últimos 50 anos, o periquito-cara-suja foi extinto localmente em algumas regiões do Nordeste, restando apenas uma área de ocorrência de população viável: a da serra de Baturité (CE). Assim, o esforço da Aquasis é levar animais da espécie de volta para seu hábitat, afirmou o técnico de campo do Projeto Periquito-Cara-Suja, Werlyson Pinheiro, estratégia reconhecida pelo Plano de Ação Nacional para a Conservação das Aves da Caatinga.

Na Serra da Aratanha

A primeira operação de reintrodução do periquito-cara-suja se deu na Área de Preservação Ambiental (APA) da Serra da Aratanha. Em 2022, 32 aves da espécie foram translocadas (transferência de animais de uma área para outra) da Serra de Baturité (CE).

Ano passado, as aves já indicavam que a reintrodução foi bem-sucedida: independência da suplementação alimentar; estabelecimento de áreas de vida e ocorrência de reprodução. Agora, em 2024, também houve nascimento de filhotes e a última contagem na APA aponta que a população já dobrou de tamanho, contabilizando cerca de 60 indivíduos.

A proteção do periquito-cara-suja

De acordo com a Aquasis, o periquito-cara-suja estava classificada como “criticamente em perigo” (CR) na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção e, por meio de um programa de conscientização ambiental e na produção e instalação de caixas-ninho na Serra do Baturité, passou para “em perigo” (EN). A associação tem a expectativa de que as populações reintroduzidas cresçam ainda mais até se encontrarem em pontos intermediários, como na região de Ipu, onde a ave foi avistada pela última vez no começo do século passado.

Ainda neste ano está prevista uma nova ação de reintrodução, mas envolvendo o Parque Nacional de Ubajara, que também faz parte da Serra Grande, a 145 km ao norte da Reserva Natural Serra das Almas. O objetivo é levar entre 40 a 60 periqueitos-cara-suja da serra de Baturité e nascidos em cativeiro. Um recinto de aclimatação será montado neste mês e entre agosto e setembro será translocado o primeiro grupo.

Fonte: Fauna News

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