A pandemia de Covid-19 acarretou muitas mudanças no mundo todo, mas não foram apenas os seres humanos os impactados. Biólogos da Baixada Santista, no litoral de São Paulo, afirmam que houve reflexos na vida animal, principalmente pelo lockdown imposto aos seres humanos, período em que havia menos barulho e poluição nas cidades.
Ao g1, o biólogo Arthur Baptista explica que o isolamento afetou o modo como a natureza se compõe. Ele exemplifica que, durante o lockdown, foi possível observar que algumas espécies de aves tiveram maior sucesso reprodutivo.
O especialista explica que, como não havia muitos veículos e pessoas nas ruas, a poluição sonora praticamente não existiu por certo período. “Assim, o canto das aves era mais facilmente ouvido”, diz.
O canto, conforme Arthur, é essencial para a reprodução dos pássaros, porque as fêmeas vão até os machos quando escutam seus barulhos. A poluição sonora dificulta que os casais se encontrem, e assim, acaba interferindo em sua reprodução.
Além das aves, os animais marinhos também sentiram as mudanças proporcionadas pela pandemia. O biólogo marinho Eric Comin pontua que, durante o isolamento, a taxa de emissão de gás carbônico na atmosfera diminuiu, e isso propiciou que peixes e animais marinhos começassem a mudar seu comportamento e aparecessem mais nas costas.
Comin ainda alerta para a questão do lixo, que, segundo ele, foi agravada na pandemia após o lockdown. “O ser humano, na hora em que ele retorna do isolamento social, com o uso de máscaras, muitas vezes faz um descarte inadequado delas”, comenta. O lixo, quando descartado de forma irregular, afeta a vida de animais marinhos, que podem se prender ou intoxicar com esses itens.
O biólogo, que estuda e realiza trabalhos práticos para observar a vida marinha, pontua que, mesmo com a vida retornando de uma forma “pós-pandêmica”, “as pessoas continuam não tendo consciência”.
Por isso, o especialista enfatiza que a educação ambiental é uma questão que deve ser implementada o quanto antes, para que as gerações futuras não cresçam com o vício de relevar essas questões. “Somos muito impactantes no meio ambiente, e é importante sabermos disso“, finaliza.