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BALANÇO

Período crítico de incêndios gerou aumento no resgate de animais silvestres em 2024

15 de janeiro de 2025
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Em 2024, mais de 25.200 animais silvestres foram resgatados e encaminhados aos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), unidades geridas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Esse número não inclui animais procedentes de resgates ou de entrega voluntária.

Segundo dados do Sistema de Informações dos Cetas (SisCetas), gerido pela Diretoria de Biodiversidade e Florestas (DBFlo) do Instituto, um a cada quatro animais foi resgatado entre setembro e outubro, meses mais quentes e secos em quase todo o país.

Um resgate ocorre, geralmente, quando o animal é encontrado ferido, como no caso de incêndios florestais, ou em bom estado de saúde, como costuma ocorrer no pedido de recolhimento do animal em área urbana. A ação é realizada pelo Ibama ou pela instituição que for acionada, por exemplo a polícia ambiental ou os bombeiros, entre outros.

Nesse cenário, os resgates atingiram seu pico durante setembro (2.659 indivíduos resgatados) e outubro (3.483 indivíduos resgatados). Nesses dois meses, Brasília (DF) liderou o ranking, com 1.071 animais resgatados encaminhados ao Cetas, seguida pelo Cetas em Seropédica (RJ), com 915 animais recebidos, e pela unidade em Goiânia (GO), que registrou 776 recebimentos no mesmo período.

Tais números revelam um dos efeitos colaterais mais tristes e severos das mudanças climáticas, que são um dos motivos apontados para o aumento dos incêndios florestais devastadores nos biomas brasileiros em 2024.

Resgates no Pantanal

No bioma Pantanal, durante o período crítico dos incêndios na região, de julho a dezembro do ano passado, foram implementados Planos de Ações de Incidentes (PAIs) pelo Ibama, nos quais se incluiu a operação Arca de Noé, que compreendeu ações como monitoramento, busca ativa, resgate e realocação de fauna. No âmbito do plano, apenas próximo à rodovia Transpantaneira – que corta o bioma -, foram avistados mais de 1.130 animais vivos, de 46 espécies diferentes, possivelmente em fuga dos incêndios.

Alguns dos animais avistados foram resgatados pelas equipes, muitos deles em condições graves de saúde. Um veado-catingueiro, por exemplo, estava gravemente ferido e foi submetido à eutanásia como último recurso para cessar seu sofrimento decorrente das queimaduras. Um filhote de anta é outro exemplo resgatado com vida, mas que, devido à gravidade dos ferimentos, veio a óbito. Além desses, infelizmente, outros diversos animais foram encontrados mortos, como uma onça-pintada, na margem do rio Cuiabá.

Apesar das perdas, também houve registros de sucesso, como um filhote de cervo e um tamanduá-bandeira resgatados dos incêndios, ambos levados ao Instituto Ampara Silvestre, no Pantanal, e atualmente em reabilitação. Uma onça-pintada foi resgatada e, após período de recuperação, foi devolvida ao habitat. Outros 69 filhotes de jacarés foram resgatados de locais como piscinas de hotéis, pousadas e fazendas, além de buracos provocados por escavações de solo nas proximidades da Transpantaneira.

As ações de resgate foram realizadas por 17 equipes, distribuídas entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, em quase 150 dias de atividades ininterruptas. Os resgates da fauna contaram com brigadistas do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) e com servidores do Ibama da sede em Brasília, área de Emergências Ambientais, e de servidores das unidades do Instituto em ambos os estados. Participaram também equipes de diversas instituições parcerias, públicas e privadas, que enviaram profissionais, como médicos veterinários, e voluntários, que foram capacitados junto aos servidores para os resgates.

Aplicativo de resgate de fauna

Em setembro de 2024, o Ibama lançou o Aplicativo para Gestão de Emergências de Fauna (AGF), implementado nas ações de resgate de animais silvestres no Pantanal. A ferramenta, desenvolvida pelo Centro Nacional de Monitoramento e Informações Ambientais (Cenima) em conjunto com a Diretoria de Biodiversidade e Florestas (DBFlo) do Instituto, busca organizar a coleta de dados de diferentes espécies de fauna, além de permitir sua identificação por meio de fotos e de outros mecanismos.

Para Gracicleide Braga, coordenadora-geral de Gestão, Uso Sustentável e Monitoramento da Biodiversidade Aquática de Fauna do Ibama, o AGF, além de ter ajudado nas operações desenvolvidas no bioma, também gera uma base de dados importante para o planejamento das próximas ações e para o enfrentamento aos eventos climáticos extremos.

O aplicativo permite que os que os usuários registrem avistamentos e resgates de fauna de maneira rápida, mesmo em áreas com baixa conectividade, já que os dados são sincronizados assim que a conexão à internet é restabelecida.

Fonte: Correio de Corumbá

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