Um sistema de monitoramento de grandes vazamentos de metano alertou governos e empresas sobre 1.200 ocorrências nos últimos dois anos, mas apenas 1% dessas notificações receberam resposta, segundo dados do Programa Ambiental das Nações Unidas (PNUMA) divulgados durante a COP29, reunião de clima da ONU que acontece em Baku, no Azerbaijão.
O relatório “An Eye on Methane: Invisible but not Unseen”, publicado na sexta-feira, destaca que os alertas do Sistema de Alerta e Resposta ao Metano (MARS), parte do Observatório Internacional de Emissões de Metano (IMEO), representam uma frente negligenciada de ação climática imediata.
O metano, segundo maior responsável pelo aquecimento global após o dióxido de carbono, tem potencial de aquecer a atmosfera 80 vezes mais do que o CO2 no curto prazo. Para alcançar as metas climáticas globais de limitar o aquecimento a 1,5ºC, conforme o Acordo de Paris, as emissões de metano precisam ser reduzidas em 40-45% até 2030. Até hoje, as emissões de metano contribuíram com cerca de 0,5°C para o aquecimento global, o que representa um terço do aumento de temperatura observado desde meados do século XIX.
Inger Andersen, diretora executiva do PNUMA, alertou que, para controlar o aquecimento global, é essencial reduzir as emissões de metano de forma urgente. Ela destacou que o sistema MARS já oferece uma ferramenta comprovada para detectar e corrigir rapidamente vazamentos, muitas vezes com reparos simples. No entanto, governos e empresas do setor de petróleo e gás precisam agir com mais responsabilidade diante dessa oportunidade.
Muitos dos que foram notificados sobre os grandes vazamentos de metano detectados por satélites dentro de suas fronteiras haviam assinado um compromisso global lançado há três anos para reduzir as emissões de metano em 30% em relação aos níveis de 2020 até 2030. Porém, as emissões de metano da indústria de petróleo e gás se mantêm em níveis recordes desde 2019, apesar de 150 países terem aderido ao Pacto Global do Metano. E aproximadamente 140 empresas assinaram um outro compromisso, a Iniciativa de Metano do Petróleo e Gás da ONU 2.0, se comprometendo a reduzir as emissões acidentais de metano.
Uma das maneiras mais rápidas de combater o problema é reduzir os vazamentos de metano de poços de petróleo e equipamentos. Apesar da baixa taxa de resposta, houve casos positivos. Em 2024, ações para reduzir emissões de grandes vazamentos foram verificadas em países como Azerbaijão e Estados Unidos, além de governos e empresas da Argélia e Nigéria terem tomado medidas após notificações do MARS. No caso da Argélia, a redução de emissões de metano foi equivalente a tirar 500 mil carros das ruas anualmente. Já na Nigéria, um vazamento que durou seis meses foi corrigido em menos de duas semanas, evitando emissões equivalentes a 400 mil carros por um ano.
Fonte: Um Só Planeta