Os investigadores da Curtin University utilizaram tecnologia de imagem de ponta para esclarecer a sensibilidade auditiva dos pinguins-azuis e o perigo da poluição sonora marinha.
Apoiado pelo programa Westport da Western Australian Marine Science Institution, o estudo é o primeiro a detalhar a forma como os pinguins-azuis, também conhecidos como pinguins-fada, percecionam o som tanto no ar como debaixo de água.
O líder do estudo, Chong Wei, do Centro de Ciências e Tecnologias Marinhas da Curtin, explica que os pinguins-azuis são particularmente vulneráveis ao ruído produzido pelo homem, uma vez que os seus habitats se sobrepõem frequentemente a rotas de navegação, atividades recreativas e desenvolvimentos costeiros.
“A poluição sonora dos oceanos está a aumentar constantemente, o que é particularmente preocupante para os pinguins-azuis, cujas populações estão a diminuir significativamente”, afirma Wei.
“Sabemos muito pouco sobre o impacto deste ruído na audição dos pinguins. Para resolver este problema, criámos modelos digitais 3D utilizando exames de microCT das cabeças de três pinguins-pequenos que morreram naturalmente na Ilha Jardim para simular o que podem ouvir a diferentes frequências”, revela.
“As unidades de frequência chamam-se hertz (Hz) e estes modelos 3D revelaram que os pequenos pinguins conseguem ouvir sons numa vasta gama entre 200 e 6000 Hz debaixo de água, à semelhança de outras aves mergulhadoras como o corvo-marinho”, acrescenta, sublinhando que “o ruído das embarcações varia normalmente entre 20 e 10 000 Hz, tal como a cravação de estacas.”
A coautora, Christine Erbe, do Centro de Ciências e Tecnologias Marinhas da Curtin, salienta que os resultados da investigação são importantes para os esforços de conservação marinha.
“A exposição contínua a níveis de ruído elevados provocados pela passagem de embarcações e pela construção perto da costa pode aumentar o stress e interferir com comportamentos do pequeno pinguim, como a alimentação”, afirma Erbe.
“Compreender o seu alcance auditivo ajuda-nos a identificar frequências de ruído potencialmente nocivas e os resultados podem servir de base a planos de gestão destinados a reduzir o impacto da poluição sonora”, conclui.
A investigação intitulada “Sound reception and hearing capabilities in the Little Penguin (Eudyptula minor): first predicted in-air and underwater audiograms” foi publicada na revista Royal Society Open Science.
Fonte: Greensavers