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DESEQUILÍBRIO

Pequenos organismos oceânicos podem ser importantes no ciclo de carbono mas estão a ser ignorados

30 de outubro de 2025
2 min. de leitura
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Foto: Cristian Palmer/Unsplash

Cocolitóforos, foraminíferos e pterópodes com concha. São todos pequenos organismos oceânicos que, por produzirem conchas feitas de carbonato de cálcio, atuam também como importantes sumidouros de carbono.

No entanto, um grupo de cientistas alerta que estes minúsculos animais não estão a ser devidamente considerados nos modelos climáticos que pretendem prever o futuro do planeta Terra.

Num artigo publicado este mês na revista ‘Science’, duas dezenas de investigadores da Europa, do Canadá e dos Estados Unidos da América dizem que a omissão destes organismos, também conhecidos como plâncton calcificante, das projeções climáticas pode resultar na subestimação de “processos-chave” do ciclo global do carbono e da capacidade que os mares e oceanos têm para responder à crise climática.

“As conchas do plâncton são minúsculas, mas, no seu conjunto, moldam a composição química dos nossos oceanos e o clima do nosso planeta”, sentencia, citada em comunicado, Patrizia Ziveri, da Universidade Autónoma de Barcelona (Espanha) e primeira autora do estudo.

“Ao deixá-los fora dos modelos climáticos, corremos o risco de ignorar processos fundamentais que determinam como os sistemas da Terra respondem às alterações climáticas”, acautela.

Apesar de poderem atuar como sumidouros de carbono quando as suas conchas de carbonato de cálcio, já sem o seu residente, acabam por se afundar e serem depositadas nas profundezas oceânicas, os cientistas alertam que as conchas podem também ser dissolvidas nas camadas mais superficiais da coluna de água. Quando isso acontece, a composição química da água é afetada, bem como a sua alcalinidade, e pode ajudar os oceanos a absorverem mais dióxido de carbono atmosférico, atuando como uma “barreira” que protege os oceanos dos efeitos das emissões antropogénicas.

No entanto, esses pequenos engenheiros marinhos enfrentam uma série de ameaças que podem pôr em risco esses aliados climáticos. A acidificação dos oceanos dificulta ou impede a formação das conchas, e o aumento da temperatura marinha e a perda de oxigénio em algumas regiões são também fatores que influenciam a sobrevivência desses organismos.

Contas feitas, os autores desta investigação apelam à integração dos cocolitóforos, foraminíferos e pterópodes com concha nos modelos de previsão climática, pois só assim, argumentam, será possível obter projeções mais precisas sobre o ciclo de carbono nos oceanos e a nível global.

“Se ignorarmos os organismos mais pequenos do oceano podemos estar a passar ao lado de importantes dinâmicas climáticas”, refere Ziveri. No contexto da crise climática, a investigadora e a sua equipa consideram que prestar a devida atenção ao plâncton calcificante é essencial para termos “previsões mais acertadas e perspetivas mais profundas sobre como os ecossistemas e as sociedades podem ser afetados”.

Foto: Greensavers

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