EnglishEspañolPortuguês

Pepe, "O Missionário", uma tartaruga com história em Galápagos

20 de junho de 2013
3 min. de leitura
A-
A+
Pepe: tartaruga vive isolada em Galápagos. (Foto: Divulgação)
Pepe: tartaruga vive isolada em Galápagos. (Foto: Divulgação)

Dentre as milhares de tartarugas das ilhas Galápagos (Equador), há uma considerada a mais popular entre seus habitantes, “Pepe, El Misonero” (O Missionário), um macho de 63 anos com uma história muito especial que se tornou um ícone do arquipélago.

Pepe movimenta preguiçosamente a cabeça e se desloca com lentidão em direção a sua comida, folhas que mastiga com resignação, já que sua comida preferida é o mamão, explicam os cuidadores do Centro de Interpretação do Parque Nacional Galápagos (PNG).

O animal come completamente alheio ao rebuliço que causa entre os turistas que o visitam, atentos a sua história única, que começou no final da década de 1940, quando pescadores da ilha o encontraram e o deram de presente a uma família da ilha de San Cristóbal, os Agama.

Na época, em um arquipélago como Galápagos, berço de diversas espécies de répteis, “ter uma tartaruga era como ter um cachorro” para muitas famílias, por isso “Pepe” foi criado normalmente entre os Agama, disse à Agência Efe um dos cuidadores do animal.

Em 1959, com a criação do PNG, foi proibido manter tartarugas como animais domésticos, mas os tutores de Pepe não entregaram a tartaruga às autoridades e o animal seguiu sua vida na casa.

“Pepe” foi finalmente entregue à missão franciscana de San Cristóbal em 1967 e, com permissão das autoridades do parque, permaneceu com os religiosos até o ano passado, quando, por motivos de saúde, optaram por transferi-lo para um centro de pesquisas.

A tartaruga foi levada com um pedido expresso de seus tutores: que seu apelido, “O Missionário”, fosse mantido.

Quando chegou, Pepe “tinha o colesterol alto e estava acima do peso”, por isso hoje a “celebridade” segue uma dieta controlada, acrescentou o cuidador.

Mas se só recebesse vegetais selecionados, a tartaruga acabaria não comendo e por isso todos os dias lhe dão um pouco de banana, cenoura e mamão, aos quais está mais acostumado, explicou.

É que durante todos os anos que “Pepe” viveu na missão franciscana, comeu alimentos variados, muitos inadequados, por isso agora não é fácil habituá-lo a seguir a dieta adequada para uma tartaruga.

“Muitas crianças iam à igreja aos domingos para ver Pepe e levavam uma sacolinha de frutas para dar a ele” relatou a fonte, acrescentando que “em quase todas as casas de Puerto Baquerizo (capital de San Cristóbal) há alguma foto de uma criança com a tartaruga”.

Durante anos, acreditou-se que “Pepe” fosse natural do norte de San Cristóbal, mas recentes estudos genéticos comprovam que provém da região de Pedras Brancas, na vizinha ilha Isabela, e que não é um híbrido, mas um exemplar puro de uma subespécie de Chelonoidis nigra.

O animal não pode ser libertado, como se faz com muitas tartarugas após submetê-las a um processo de recuperação, porque “não é capaz de conseguir alimento sozinho”, já que passou tanto tempo em cativeiro que se acostumou a receber alimentos diretamente na boca, em vez de buscá-los por si, explicou a fonte.

Também não pode ser levado para outras instalações do parque onde vivem tartarugas porque ainda pode ter bactérias e contagiar outros animais.

No centro, Pepe vive em um curral de 15 por 20 metros com uma piscina, um comedouro, um abrigo e, naturalmente, a atenção permanente dos técnicos do Parque Nacional Galápagos.

A tartaruga, que pode viver cerca de 150 anos, “adora água e passa muito tempo em sua piscina”, que precisa ser limpa de tempos em tempos, deixando o bichinho sem banho.

Um problema pequeno para um animal que nunca teve oportunidade de cruzar e nunca conheceu a liberdade.

Fonte: Terra

Você viu?

Ir para o topo