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INSPIRAÇÃO

Pelo fim do preconceito: gatinhos pretos são adotados e se tornam "funcionários" da Casa de Cultura de Bertioga (SP)

19 de agosto de 2023
4 min. de leitura
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Foto: Arquivo Pessoal/@tarsilaculturabr

Há quem acredite que gatos pretos trazem azar, mas essa superstição é desfeita com a presença de Tarsila, Monalisa, Bochecha e Estranho na Casa da Cultura e no Forte de São João, em Bertioga, litoral de São Paulo.

Os felinos, que chegaram de surpresa, foram de ‘gatinhos adotados’ a ‘funcionários públicos’ no município. E pode-se dizer que conquistaram muitas pessoas com ronronadas, miados e carinhos. Há quem vá até os pontos da cidade apenas para vê-los, é o que diz a tutora, Camila Quelhas, de 39 anos, que também é gestora pública e diretora de cultura na Cidade.

A chegada

A história do ‘quarteto gatástico’ começou lá em 2017, em uma feira de artesanatos e economia criativa, em um galpão conhecido como Tenda de Eventos. Durante a organização, a zoonoses da cidade pediu um espaço para expor alguns dos animais para adoção. “Eu conheci a Tarsila nesta feira. Ela já era uma gatinha grande, mas muito carinhosa”, lembra.

E a gata continuou à espera de um lar durante todos os dias de evento, até que começaram a pensar em levá-la à Casa de Cultura. “Eu pensei, ‘como eu vou levar uma gata para um setor público?’. Mas então, falei com o meu chefe”, conta.

Camila só não contava que ao adotar Tarsila, levaria Monalisa de brinde. “O pessoal da zoonoses pediu que para que pudéssemos levar a Tarsila, também teríamos que levar a irmã, que é a Monalisa”.

Com duas personalidades completamente diferentes, – Tarsila sanguínea e extrovertida, enquanto Monalisa era mais reservada -, as gatinhas foram adotadas e passaram pelo processo de adaptação. “Elas começaram a distribuir suas fofuras no dia a dia e fazer parte daquele ambiente (casa de cultura)”.

E de uma forma estranha, menos de um mês depois de adotar as irmãs artistas, um gato ‘estranho’ apareceu de repente na sala de violão da Casa de Cultura. Um funcionário achou que se tratava de uma das novas moradoras do local, mas quando Camila foi verificar se deparou com um gato grande, que tinha ‘fisionomia’. “Ele olhava para mim e parecia que falava e eu pensava ‘meu deus, que gato estranho’”, conta a gestora, divertida.

E de pouquinho em pouquinho, o gato também foi conquistando os colaboradores. E com o impacto do primeiro encontro, foi batizado de Estranho. Mas ele não parou por lá, e logo foi promovido a ser funcionário do Forte São João.

“E ele curtiu ‘trabalhar’ no forte e preferiu ficar com aquela equipe. Ele ganhou um crachá como segurança”, conta.

E foi assim que o gato estranho deixou de ser tão estranho e passou a ser uma atração do local. Segundo Camila, há quem até vai ao local apenas para tirar uma foto com ele.

Foto: Arquivo Pessoal/@tarsilaculturabr

Bochecha

Se um é pouco, dois é bom e três é demais, o que significa o quarto? Bom, de acordo com Camila, o quarto foi aquele que veio de surpresa também, em 2021, no estacionamento da Casa de Cultura.

Com vestígios de maus-tratos, corpo magro, rabo quebrado, uma bochecha enorme e muito medo de pessoas, Bochecha chegou tímido e receoso. Mas, aos poucos foi conquistando todos. “Ele foi esperto, porque a primeira ‘pessoa’ com quem fez amizade foi a Tarsila, a líder do time”, conta Camila

Bom, Bochecha era quem faltava para que o quadro de funcionários felinos fosse fechado. “Eles viraram uma atração. Então as pessoas passam e veem, fazem carinho”.

Gato preto

Desmistificando a ideia da adoção tardia e do preconceito que envolve o gato preto, Camila diz que tê-los dá um incentivo para que outras pessoas entendam a importância do ato.

Os gatos ainda colaboram para que o ambiente de trabalho seja mais leve. “Estamos ali trabalhando com processos, com burocracia do poder público. Às vezes estamos nervosos, tem alguma discussão e eles passam brincando com alguma coisa, fazendo alguma gracinha. Aí todo mundo se desmancha, quebra aquela atmosfera pesada. Eles salvam a gente todos os dias de tudo o que é ruim”.

Foto: Arquivo Pessoal/@tarsilaculturabr

Fonte: A Tribuna

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