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Pelo de guaxinins explorados na China é vendido como pele artificial em mercados australianos

30 de novembro de 2019
4 min. de leitura
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Foto: Shuttertock/Janet Griffin
Foto: Shuttertock/Janet Griffin

Peles de animais explorados e torturados estão sendo comercializadas como peles artificiais ou “peles mistas” e expostas em dois mercados populares na Austrália.

Conforme revelado por várias investigações e vídeos produzidos por ONGs que atuam em defesa dos direitos animais, a indústria da pele causa sofrimento incalculável aos animais explorados por seu pelo. Obrigados a viver em gaiolas superlotadas e imundas, onde mal podem se mexer a vida inteira, raposas, visons, guaxinins e minks são esfolados, torturados e mortos das formas mais cruéis.

Testes forenses mostraram que peles de guaxinins e cães-guaxinins, que são eletrocutados até a morte ou esfolados vivos no comércio de peles da China, estavam sendo vendidas nos mercados australianos South Melbourne Market e no Queen Victoria Market, de acordo com o The Age.

Queen Victoria Market | Foto: TripAdvisor
Queen Victoria Market | Foto: TripAdvisor

As ONGs que atuam em defesa dos direitos animais, Animal Justice Party e o Four Paws, coletaram 12 itens dos mercados e os enviaram para testes no laboratório especializado em vida selvagem Forensic Science and Wildlife Matters.

Uma barraca no South Melbourne Market estava vendendo gorros com rótulos onde se lia “peles mistas”, mas os testes mostraram que “os pelos desse item indicavam que eram consistentes com o guaxinim (Procyon lotor) ou o cão-guaxinim (Nyctereutes procyonoides) também conhecido como tanuki”.

No mercado de Queen Victoria, um dono de barraca tinha uma jaqueta enfeitada com peles, descrita como peles artificiais, mas os testes mostraram resultados semelhantes aos dos gorros vendidos no sul de Melbourne.

O dono da barraca disse que não rotulou de forma errada a jaqueta e que o item tinha pelo falso. Ele acrescentou que compra seus itens de um atacadista e não muda os rótulos.

Tanuki ou cão-guaxinim | Foto: ALFREDO ESTRELLA/AFP/GETTY IMAGES
Tanuki ou cão-guaxinim | Foto: ALFREDO ESTRELLA/AFP/GETTY IMAGES

Stan Liacos, CEO do Queen Victoria Market, disse ao Daily Mail Australia em matéria de 21 de novembro: “Todos os comerciantes do Queen Victoria Market são obrigados a cumprir as regras do mercado e toda a legislação e diretrizes relevantes relacionadas ao direito do consumidor”.

“Certamente não toleramos a venda de bens que não estejam em conformidade com os regulamentos de crueldade contra animais e encaminhamos o assunto às autoridades relevantes para uma investigação mais aprofundada”.

Danielle Bleazby, gerente executiva do mercado de South Melbourne, disse: “O mercado de South Melbourne não tinha conhecimento de nenhum produto de peles não certificado sendo vendido ou de qualquer identificação incorreta de produtos e estará investigando as denúncias”.

South Melbourne Market | Foto: TripAdvisor
South Melbourne Market | Foto: TripAdvisor

“Embora os produtos com peles não sejam proibidos no South Melbourne Market, é necessário que os donos das barracas forneçam a certificação de que os itens de peles genuínos que eles estocam são produzidos eticamente como subproduto de outro setor, por exemplo indústria de produção de carne”.

“Uma auditoria recente em maio de 2019 estabeleceu que todos os produtos de peles genuínos vendidos no mercado tinham a certificação exigida”.

A lei torna ilegal para as empresas enganar ou representar falsamente seus produtos – um empresário pode ser multado em até 500 mil dólares e uma empresa em até 10 milhões.

Clientes e políticos ficaram indignados com a revelação.

“Se for verdade, esses relatórios são terríveis. Ninguém deve lucrar com o bárbaro comércio de peles. O governo de Andrews deve explicar se esse comércio ocorreu em algum dos mercados de Victoria e, em caso afirmativo, como será encerrado imediatamente”, disse o líder da oposição vitoriana Michael O’Brien.

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