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Pela saúde do planeta

16 de junho de 2010
3 min. de leitura
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A Terra está doente. Mesmo quem contesta a visão mística esotérica de fim de mundo, a opinião catastrófica eco-ambientalista ou seja qual for a versão que aponte que a Terra está perto do seu fim, não há como negar que enquanto organismo vivo a Terra está na UTI.

Os sintomas da doença são evidentes e aparecem por todos os cantos do planeta como terremotos, maremotos, tsunamis, enchentes e tantas outras catástrofes que não escolhem suas vítimas: levam tanto os que não respeitam o planeta quanto os que tentam fazer sua parte, reciclando lixo, andando a pé, evitando desperdícios.

Na tentativa desesperada de salvar não só o planeta, mas também a própria pele, muitos buscam saídas; entretanto, em vez de tratar da doença, querem cuidar dos sintomas. Esse fato fica bastante evidente em notícia publicada no último dia 29 no The New York Times, apontando o que seria uma saída “incrível” para resolver o problema de poluentes na alimentação: reciclagem das fezes e gases dos animais. Notícia típica de final de ano, para animar quem quer e precisa ter esperanças no futuro. Afinal, se não houver futuro, como vamos comemorar o Ano Novo?

Com o sugestivo titulo Da fazenda à mesa, sem poluentes a matéria coloca vacas e porcos como os grandes vilões do efeito estufa, chamados de “chaminés vivas que expelem metano para o ar”, responsáveis por 18% das emissões de gases que elevam a temperatura global – mais do que carros, ônibus e aviões. A partir daí nasce a fantástica solução de energia limpa, cozinhando o esterco dos porcos para capturar o metano e usá-lo para produzir eletricidade.

A busca desesperada por soluções aparece para suprir um problema crescente, o aumento constante do consumo de carne: em países em desenvolvimento o consumo de carne vermelha aumentou 33% nos últimos dez anos e a previsão é dobrar no mundo todo de 2000 até 2050. Essa realidade assusta porque o aumento não implica somente mais gases, mas também mais terras para pastagem e muito mais terra e água para plantação de alimentação para o gado – ou seja, lá vai nossa Amazônia para o chão. Entre as “boas novas” com reciclagem de dejetos animais aparece um tanto escondida no meio da reportagem a lucidez que reside na simplicidade, a proposta de convencer os consumidores a comer menos carne – especialmente com taxações e aumento de preço. O cientista ainda avisa: a curto prazo, a melhor mudança seria que todos reduzissem o consumo de carne, o que teria mais efeito do que trocar o carro por um híbrido.

Diminuir ou parar de comer carne: a solução é simples assim. Mas preferimos encontrar saídas mirabolantes para os problemas que provocamos, atacando os sintomas e não a causa, mesmo sabendo que ninguém cura doença dando remédio para a febre.

E o animal que sequer pediu para nascer – e muito menos para morrer e virar bife – transforma-se no grande vilão de uma história em que não aparece sequer como personagem secundário; é quase um objeto, como a mesa colocada no cenário que de repente precisa ser retirada porque está atrapalhando a passagem.

A conclusão também é bastante simples: estudos demonstram que comer carne faz mal para a nossa saúde, para a saúde da Terra e incontestavelmente para a saúde dos animais. Então, se não for por eles nem por nós, que seja pelo planeta. Gaia agradece.

“Nada beneficiará tanto a saúde humana e aumentará as chances de sobrevivência da vida na Terra quanto a evolução para uma dieta vegetariana.” Albert Einstein

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