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QUASE EXTINTO

Pela primeira vez em séculos, soltura de castores na natureza será permitida na Inglaterra

28 de fevereiro de 2025
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Pela primeira vez em centenas de anos, a Inglaterra permitirá a soltura de castores em seus cursos d’água, em um movimento que visa restaurar ecossistemas e reduzir inundações. A decisão, revelada pelo The Guardian, será anunciada pelo secretário do Meio Ambiente, Steve Reed, e permitirá que grupos de conservação obtenham licenças para liberar os roedores na natureza, com as primeiras solturas previstas para este outono.

Extintos na Grã-Bretanha há cerca de 400 anos devido à caça por sua pele, carne e óleo, os castores começaram a retornar ao território inglês nas últimas duas décadas por meio de solturas licenciadas em recintos e algumas liberações ilegais. Atualmente, estima-se que cerca de 500 castores vivam em estado selvagem na Inglaterra.

Conhecidos por sua capacidade de transformar paisagens, os castores criam habitats que beneficiam a vida selvagem e ajudam a reduzir inundações. Ao construir repres, eles retardam o fluxo de água e criam poças que servem como refúgios para diversas espécies.

O novo plano do governo estabelece uma abordagem estruturada para a reintrodução dos castores, exigindo que projetos de soltura apresentem um plano de 10 anos detalhando o impacto esperado na paisagem. Apesar do entusiasmo de grupos ambientalistas, a medida enfrentou resistência no passado, com preocupações sobre possíveis conflitos com agricultores e proprietários de terras.

O Departamento de Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais (Defra) argumentou que os castores podem contribuir para a missão de crescimento do Partido Trabalhista, já que os animais atuam como “engenheiros ecológicos”, construindo infraestrutura natural de forma gratuita. Um exemplo notável ocorreu na República Tcheca, onde castores economizaram £ 1 milhão ao construir uma represa.

Richard Benwell, diretor-executivo da Wildlife and Countryside Link, celebrou a decisão: “Restaurar a natureza significa restaurar ecossistemas inteiros, e poucos animais podem superar o castor em revitalizar paisagens. Eles ajudam a restaurar rios e pântanos, reduzem inundações e secas, e criam habitats diversos que beneficiam tanto a vida selvagem quanto as comunidades locais.”

No entanto, a reintrodução dos castores não está isenta de controvérsias. Tom Bradshaw, presidente do Sindicato Nacional dos Agricultores, destacou a necessidade de medidas de controle, incluindo a opção de abate como último recurso, caso os animais causem danos significativos a propriedades ou cultivos. O governo planeja oferecer suporte a agricultores afetados por inundações causadas por castores, garantindo que a reintrodução seja cuidadosamente gerenciada para minimizar impactos negativos na agricultura e na infraestrutura.

A política de reintrodução de castores vem sendo discutida há quase uma década. Em 2017, o então secretário do Meio Ambiente, Michael Gove, anunciou um teste de soltura no Rio Otter, em Devon. Os resultados, publicados em 2020, mostraram que os castores reduziram inundações em assentamentos locais, aumentaram a biodiversidade e até ampliaram o tamanho dos peixes na região.

Zac Goldsmith, ex-ministro do Meio Ambiente e defensor da causa, comemorou a decisão: “É ótimo que isso esteja finalmente sendo resolvido. O castor tem um efeito quase mágico no meio ambiente, retendo água, aumentando a biodiversidade e trazendo alegria ao público amante da natureza. O caso dos castores não poderia ser mais claro.”

Com planos de soltura já em andamento, incluindo projetos do National Trust em Dorset e da Wildlife Trusts em Devon e Cornwall, a reintrodução dos castores promete ser um marco na restauração ecológica da Inglaterra, equilibrando benefícios ambientais com as necessidades das comunidades rurais.

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