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COMUNICAÇÃO COMPLEXA

Pela primeira vez, cientistas registram sons emitidos por tubarões

26 de março de 2025
2 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

O elemento surpresa pode ser um grande diferencial na vida selvagem. E, sem evidências que dissessem o contrário, os cientistas sempre pensaram que os tubarões não emitiam qualquer som, tendo essa característica ‘silenciosa’ como uma das suas armas à disposição como um predador de topo de cadeia — e também para escapar de possíveis enrascadas. Mas, agora, tubarões foram gravados pela primeira vez fazendo algum tipo de barulho.

As gravações representam o primeiro caso conhecido de um tubarão produzindo som ativamente. “Tubarões têm sistemas sensoriais que são mais refinados do que sua audição, como seus eletrorreceptores, seu olfato e a maneira como se impulsionam pela água”, disse a autora principal do estudo, Carolin Nieder, pesquisadora da Woods Hole Oceanographic Institution, à Live Science. “Mas acho que a noção original de que tínhamos que o som não é importante provavelmente não é verdade.”

A pesquisa começou a se desenvolver quando, por acaso, dez tubarões-de-plataforma (Mustelus lenticulatus) foram observados fazendo sons durante experimentos comportamentais de rotina no Leigh Marine Laboratory, um laboratório de biologia marinha da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia. Ao serem brevemente manuseados por pesquisadores debaixo d’água, todos os 10 tubarões produziram sons que se assemelhavam a “cliques”.

Como a maioria das espécies de tubarões não possui bexigas natatórias — sacos cheios de ar comumente usados ​​por peixes para fazer sons — a equipe acredita que o barulho poderia estar vindo do estalar dos dentes dos animais.

Durante as observações, o volume de alguns cliques chegou a ultrapassar 155 decibéis, o que é comparável ao tiro de uma espingarda. Aproximadamente três quartos dos cliques foram rajadas únicas, enquanto o restante foram cliques duplos curtos. Os cientistas observaram que cerca de 70% desses cliques eram acompanhados por movimentos corporais calmos e oscilantes, mas alguns ocorriam sem qualquer movimento visível.

O próximo passo das pesquisas, agora, é buscar entender se estes sons são um subproduto acidental do manuseio dos tubarões pelos pesquisadores ou um comportamento proposital dos animais. O alcance auditivo dos tubarões é bastante baixo, bem menor do que as frequências dos cliques registrados, o que leva os cientistas a acreditar que é improvável que os sons sejam feitos como uma forma de comunicação com outros tubarões.

No entanto, alguns predadores conhecidos dos tubarões-de-plataforma, como as focas-peludas da Nova Zelândia (Arctocephalus forsteri), são sensíveis a frequências mais altas e podem se assustar ou ficar confusos com os cliques agudos, fazendo dos cliques uma possível estratégia de defesa.

Fonte: Um Só Planeta

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