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Peixes mortos são encontrados na região do Vale do Suruaca (ES)

11 de março de 2010
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As previsões dos ambientalistas estão se concretizando no norte do Estado do Espírito Santo. Nesta quinta-feira (11), agricultores do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) se depararam com centenas de peixes mortos no Vale do Suruaca, na região de Pontal do Ipiranga, norte do Estado. A região esteve para o Estado como o Pantanal está para o Mato Grosso, mas começou a ser destruída no passado em nome do desenvolvimento, transformando-se em um deserto químico.

“Eram muitos peixes e de todos os quilos. Vi peixe de cinco quilos, de dez quilos, peixe pequeno e peixe médio. A cena entristece qualquer um que passa por ali”, disse Elias Alves, do MPA.

O local foi encontrado após os agricultores se depararem com uma placa de ponte interditada em direção ao Pontal do Ipiranga. Eles resolveram conferir se a ponte havia desabado devido às chuvas, mas, ao chegarem ao local, se depararam com um mar de peixes boiando no córrego que corta a região. Eles não souberam dizer o nome do córrego, mas confirmaram com técnicos ambientais de Unidades de Conservação da região que se tratava da área compreendida pelo Vale do Suruaca.

A área é repleta de manguezais, restingas e áreas alagadas, mas convive há anos com a chegada de empreendimentos à região. Os ambientalistas bem que tentaram conter o “desenvolvimento”, mas, em troca de “compensações ambientais”, as empresas conseguiram se instalar. Segundo os ambientalistas, falta equilíbrio entre compensações e a exploração da região.

O que se vê é que, para discutir a implantação de um empreendimento na região, é levada em conta principalmente a demanda industrial, deixando, assim, as características ambientais em segundo plano.

A área ambiental, apesar da sua relevância (o vale possui 32.870 hectares e abrange as duas margens da foz do Rio Doce), é pouco discutida.

A destruição do Vale do Suruaca foi provocada por sua drenagem, segundo os especialistas. A drenagem foi feita pelo Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), a partir da década de 60. Para drenar a região, o DNOS fez a abertura de duas saídas para o mar. Mais tarde, o problema foi agravado pela Petrobras, que drenou a Lagoa Suruaca, a principal da região, ligando-a ao rio Ipiranga. Para abrir o canal, teve que romper a rocha que fazia a contenção das águas de todo o vale. Esta rocha é longitudinal e acompanha toda a orla.

Em 2002, os ambientalistas tentaram em vão mais uma vez iniciar um movimento para salvar a região. Eles contam que o desenvolvimento na região continuou. Explicam que, com a drenagem, a matéria orgânica aflora, originada da área de turfa. Na sua decomposição, é produzido enxofre. Este, na presença da água, produz o ácido sulfúrico. A região se torna desértica e nada mais produz. A desertificação é do solo e da água e, desta forma, foi criado no Vale do Suruaca o maior deserto químico do planeta, que avança sem controle.

Segundo Elias Alves, que presenciou a morte de peixes nesta quinta-feira (11), tanto a Polícia Ambiental quanto os funcionários da Reserva Biológica de Sooretama, próxima à região, foram avisados da morte dos peixes, mas até o final desta tarde os peixes continuavam morrendo na região. Eles afirmam que o que sobrou do Suruaca não está resistindo à exploração local e cobram uma explicação para as mortes.

A informação de Elias é que o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) foi comunicado sobre o fato e enviou um técnico à região. Entretanto, o órgão foi procurado, mas não se manifestou sobre o fato.

Segundo ambientalistas, uma das formas de amenizar os impactos na região é a criação de uma unidade de conservação, assim como a ampliação da Rebio Sooretama e a formação de um corredor ecológico entre elas. A medida seria um mecanismo importante para a recuperação ambiental de todo o norte capixaba. Outra medida proposta é a realização do projeto, que já existe, propondo a contenção ou reversão do deserto químico na região.

Fonte: SeculoDiario


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