Água suja e peixes mortos, incluindo enguias. Aquela que outrora foi uma abundante fonte de vida piscícola já está agonizando há vários anos. “Mas esta é a primeira vez que assisto a uma mortandade”, afirma um dos mais de vinte agricultores que utilizam a linha de água para rega, que pediu anonimato. Naquela zona de Tavarede, Figueira da Foz, o dia de ontem acordou vestido com as cores da morte.
“Todos os anos nos deparamos com episódios de poluição, mas nunca tinha visto uma coisa assim”, reforça o interlocutor, com mais de 50 anos. Até ao fechamento da edição, não havia sido identificada a fonte poluidora. Segundo o agricultor, “só encontramos peixes mortos a jusante da igreja”. O córrego que atravessa a várzea é resultado da confluência de duas valas que escorrem da Serra da Boa Viagem, e perde-se na foz do Mondego.
A água dá vida a minifúndios agrícolas onde se cultiva milho, batata e legumes. Os agricultores deram conta da ocorrência ao presidente da Junta de Tavarede, de quem, apesar das tentativas, não foi possível recolher declarações. E já começaram a subscrever um abaixo-assinado exigindo a despoluição do curso de água.
O vereador do Ambiente, António Tavares, adiantou que a autarquia vai indagar e participar da ocorrência às autoridades competentes. Além dos problemas de poluição, o regato está precisando de manutenção e limpeza: os muros estão minados e os agricultores temem que a situação possa provocar desabamentos. O riacho encontra-se na zona para onde está projetado o parque verde da cidade.
Fonte: Diário As Beiras