Cientistas fizeram descobertas preocupantes sobre o peixe-palhaço, espécie que ganhou fama mundial por conta da animação Procurando Nemo, da Disney. Eles verificaram que, para sobreviver ao aquecimento dos oceanos, esses simpáticos peixes com listras laranjas e brancas diminuem de tamanho.
Esta foi a primeira vez que um peixe de recife de coral demonstrou reduzir o comprimento do corpo em resposta a condições ambientais e sociais. “Ficamos realmente chocados no início quando vimos que eles estavam encolhendo”, disse a pesquisadora Morgan Bennett-Smith, da Universidade de Boston, dos Estados Unidos.
O comportamento foi observado durante uma onda de calor intensa ocorrida em 2023 na costa de Papua-Nova Guiné. Na Baía de Kimbe, os pesquisadores das universidades de Newcastle, Leeds e Boston, mediram o comprimento de 134 peixes-palhaço todos os meses, durante cinco meses, e monitoraram a temperatura da água a cada 4 a 6 dias.
Os resultados, publicados esta semana no periódico Science Advances, revelaram que 101 deles diminuíram de comprimento em uma ou mais ocasiões devido ao estresse térmico.
Como isso acontece ainda é um mistério, mas uma hipótese é que os peixes possam estar reabsorvendo sua própria matéria óssea. E é possível que a estatura reduzida os ajude a economizar energia durante os períodos de calor, já que animais menores precisam de menos comida.
O estudo também constatou que pares reprodutores de peixes-palhaço sincronizaram seu encolhimento para aumentar suas chances de sobrevivência. Nessa espécie, as fêmeas são as líderes, e os cientistas observaram que elas ajustaram seu tamanho para permanecerem maiores que os parceiros machos, mantendo, assim, intacta a hierarquia social.
“Esta é mais uma ferramenta na caixa de ferramentas que os peixes usarão para lidar com um mundo em mudança”, destacou Simon Thorrold, ecologista oceânico da Woods Hole Oceanographic Institution, que não esteve envolvido no novo estudo, ao Euronews.
O novo estudo aponta que o encolhimento é temporário. A autora Melissa Versteeg, da Universidade de Newcastle, relatou que o peixe analisado possui a capacidade de “se recuperar” e crescer novamente quando seu ambiente se torna menos estressante.
“Foi uma surpresa ver a rapidez com que os peixes-palhaço conseguem se adaptar a um ambiente em mudança e testemunhamos a flexibilidade com que eles regulam seu tamanho, como indivíduos e como casais reprodutores, em resposta ao estresse por calor, como uma técnica bem-sucedida para ajudá-los a sobreviver”, indicou a especialista em comunicado.
Thorrold complementou que a tática de diminuir ajuda os peixes-palhaço a resistir às ondas de calor no curto prazo, mas ele deixou uma questão no ar: não se sabe o que acontecerá com a espécie se tiver que continuar assim por muito mais tempo.
Fonte: Um só Planeta