Continua desaparecido Estevão, o peixe-boi (Trichechus manatus) que saiu do recinto de aclimatação da ONG Aquasis em 30 de agosto, no Ceará. A entidade recebeu alguns alertas de avistamento do animal, mas ainda sem confirmação de que seja ele.
De acordo com a bióloga e coordenadora de resgate do Programa de Mamíferos Marinhos da Aquasis, Letícia Gonçalves, Estevão estava sendo mantido na área externa ao recinto de aclimatação, em um espaço com estrutura de rede e pilares de eucalipto localizada na praia de Fontainhas, em Aracati. O animal forçou a estrutura de rede próxima ao fundo e conseguiu sair.
Estevão possuía um transmissor que emite o sinal de sua localização, mas o equipamento se desprendeu acidentalmente no final da tarde do mesmo dia e a última localização registrada pela equipe foi em Fontainhas, às 17h30. Letícia conta que, após o dia 30, chegaram alguns relatos de avistamento de peixe-boi nos municípios de Aracati, Fortim e Itapipoca. Contudo, “em nenhuma das ocasiões foram relatadas características evidentes de ser o Estevão” explicou. O animal tem um número 8 pintado em seu dorso, logo atrás da cabeça.
O peixe-boi ainda pode estar na costa cearense ou já ter cruzado a divisa com os Estados vizinhos. Segundo a coordenadora da Aquasis, a maioria dos peixes-bois soltos pela entidade fizeram um deslocamento em direção ao litoral oeste. Mas não há certeza de que Estevão seguiu o mesmo trajeto.
Quem é Estevão?
Ainda filhote, Estevão encalhou na praia de Canoa Quebrada, em Aracati, em 27 de junho de 2016. Colaboradores da comunidade e parceiros da ONG Recicriança o socorreram e então ele passou a ser cuidado pela Aquasis.
A soltura de Estevão estava prevista para meados de outubro e, por isso, iniciou-se um processo de adaptação no cercado que fica em volta do recinto de aclimatação. Essa instalação serve para a manutenção temporária de peixes-bois que estão próximos do retorno à vida livre, possibilitando um maior espaço para explorarem o ambiente natural.
Flor, Estevão e Tico
Estevão se junta a dois outros peixes-bois quando o assunto é problemas no processo de reabilitação. Em junho, Flor perdeu seu equipamento de rastreamento ao se enroscar em uma rede de pesca e foi impactada pela poluição plástica. Ela foi encontrada morta no final de julho com o intestino cheio de plástico.
“A falta de monitoramento diário pode comprometer seriamente o sucesso dos indivíduos na adaptação à vida livre, assim como aconteceu com Flor. Sem a identificação rápida de situações de risco para os animais, a equipe do programa perde a capacidade de realizar intervenções imediatas que garantam a saúde, segurança e bem-estar do animal, comprometendo sua sobrevivência e reintegração ao meio ambiente”, comentou a coordenadora de resgate, Letícia Gonçalves.
Já Tico, solto em 2022, acabou parando na costa da Venezuela em setembro daquele mesmo ano e foi levado para o Parque Zoológico e Botânico de Bararida, onde está até hoje. A Aquasis segue nas articulações com o governo venezuelano, a embaixada brasileira na Venezuela e o Ibama para viabilizar o retorno do animal ao país.
Fonte: Fauna News