EnglishEspañolPortuguês

PROTEÇÃO

Peixe-boi Boo festeja 50 anos e ajuda cientistas a desvendar espécie na Amazônia

10 de julho de 2024
4 min. de leitura
A-
A+
Foto: Reprodução/Instagram/AMPA

Boo, a peixe-boi mais antiga das instalações de pesquisa do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) em Manaus, completou 50 anos nessa terça-feira (9) com direito a festa de aniversário, bolo e agradecimentos pela contribuição para o conhecimento da espécie, considerada vulnerável pela IUCN (International Union for Conservation of Nature).

A peixe-boi cinquentenária praticamente inaugurou os trabalhos de reabilitação de filhotes no instituto, que são recebidos geralmente após perderem a mãe para a caça predatória. Ainda hoje, a carne destes mamíferos aquáticos é consumida pela população local, apesar dos esforços de proteção a esses animais.

Na festa, realizada no Bosque da Ciência, onde o Inpa recebe visitantes para conhecer os animais e terem lições de educação ambiental, Boo surpreendeu a todos. Na hora em que ganhou seu bolo de aniversário —uma grande bacia com alface, tomates e jerimum — preferiu tirar uma soneca no fundo do aquário, para diversão das crianças presentes. Em seguida, fez sua “boquinha”.

Boo não foi reintroduzida à natureza por não haver, na época de sua juventude, estrutura para o trabalho no Inpa, conta a pesquisadora Vera da Silva, chefe do Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA) do Inpa. Contudo, ela recebe um carinho especial das equipes por contribuir há meio século para estudos sobre a vida destes animais.

Graças ao projeto, 40 peixes-bois já foram reintroduzidos em áreas de conservação no estado do Amazonas.

“A Boo se reproduziu em cativeiro e achamos ela um exemplar importante. Não sabemos, por exemplo, se as fêmeas se reproduzem a vida inteira, então ela permite esse tipo de estudo. Estou aqui há 45 anos e ela já estava aqui quando cheguei”, conta Silva.

A fundação ligada ao parque aquático Sea World, de Orlando (EUA), concedeu no final de 2023 um patrocínio de R$ 1 milhão para três anos de pesquisa dos peixes-bois feita pelo LMA. Os pesquisadores mantêm cerca de 65 animais em recuperação, a maioria peixes-bois, mas também ariranhas. Este ano, 23 peixes-bois estão em um lago sendo preparados para soltura, e ao menos uma dezena deve reencontrar os rios de onde foram retirados.

Cuidar desses animais tem um custo alto. Um peixe-boi adulto como Boo pode chegar a três metros e 450 quilos, e come por dia 8% do seu peso em massa vegetal. Os filhotes que chegam são primeiro amamentados com uma mistura desenvolvida pelo laboratório.

O trabalho de resgate é feito com uma rede de apoio que inclui órgãos ambientais como o Ibama e também na esfera estadual, além de autoridades da lei, organizações ambientais e a população local, que avisa ao avistar animais em situação de cativeiro, presos em redes ou expostos a outro tipo de perigo.

Fonte: Um Só Planeta

    Você viu?

    Ir para o topo