Já imaginou uma pedra de gelo caindo do céu do tamanho de uma fruta? Pois é exatamente isso que está acontecendo com mais frequência nos Estados Unidos. Em 2024, um caçador de tempestades encontrou um granizo quase do tamanho de um abacaxi. Em outras regiões, como o Texas, pedras do tamanho de toranjas (também conhecida como grapefruit) destruíram vidros de carros e amassaram latarias. O problema é que casos como esses estão se tornando mais comuns – e preocupantes.
Em um artigo, republicado pela revista Scientific American, Brian Tang, professor associado de Ciências Atmosféricas na Universidade de Albany, da Universidade Estadual de Nova York, explica o fenômeno.
Tudo começa com minúsculos cristais de gelo que são sugados pelas correntes ascendentes de ar dentro de tempestades. Quando entram em contato com a água super-resfriada (água líquida com temperatura abaixo de 0°C), essas gotículas congelam ao redor dos cristais e formam camadas de gelo – como se fossem “anéis” que marcam o crescimento da pedra, parecido com os anéis de crescimento das árvores.
As maiores pedras de granizo costumam surgir em tempestades chamadas supercélulas, que são intensas, duradouras e giram sobre si mesmas. Nessas tempestades, o granizo pode ficar suspenso por 10 a 15 minutos ou mais, crescendo cada vez mais antes de cair devido ao seu peso.
Granizo maior, prejuízo em dobro
Granizos pequenos já causam danos em plantações e frutas. Agora imagine o impacto de uma pedra do tamanho de uma bola de beisebol: ela pode atingir uma velocidade e força comparáveis a um arremesso profissional. Resultado? Telhados destruídos, carros amassados, janelas quebradas – e prejuízos que só aumentam.
Nos últimos anos, os danos segurados causados por tempestades severas, principalmente por granizo, subiram consideravelmente. Isso se deve tanto ao aumento das pedras de granizo quanto ao crescimento populacional em áreas propensas, com mais casas, carros e propriedades em risco.
Mudanças climáticas agravam fenômeno
Pesquisadores também estão de olho em como as mudanças climáticas agravam fenômeno. Estudos mostram que os ingredientes atmosféricos necessários para formar granizo grande – como ar quente e úmido e instabilidade na atmosfera – estão mais presentes em algumas partes dos EUA desde 1979. Há duas razões principais para isso.
A primeira é a existência de mais calor e umidade no ar, o que fornece mais energia para as tempestades e mais água super-resfriada para alimentar o crescimento das pedras de gelo.
A segunda razão deve-se ao aquecimento mais rápido do solo. Com o derretimento precoce da neve em áreas montanhosas, massas de ar instáveis se formam com mais facilidade, aumentando o risco de tempestades severas.
Além disso, à medida que o planeta aquece, a camada de congelamento na atmosfera sobe. Isso pode fazer com que granizos pequenos derretam antes de chegar ao chão, enquanto os grandes continuam caindo – e causando estragos.
Fonte: Um só Planeta