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Pedigree gera cão com saúde em frangalhos

14 de dezembro de 2011
3 min. de leitura
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Foto: Divulgação/ Ilustrado

Ser buldogue não é lá muito fácil. Um estudo publicado neste ano na revista científica “Journal of Veterinary Internal Medicine” mostrou que, entre as raças de cães, os buldogues são os que mais correm risco de morrer de doenças respiratórias. São ainda a segunda raça que mais morre de doenças congênitas.
O problema é tão grave, relata o “New York Times”, que criadores da raça estão discutindo alterar os rígidos padrões de pedigree para permitir que os animais tenham mais qualidade de vida. São as características da raça que acabam levando os bichos a sofrer com doenças.
Os buldogues não são exceção. “Desde a domesticação, o homem seleciona o que acha adequado em cada animal”, diz José Bento Sterman Ferraz, professor de genética da Faculdade de Zootecnia da USP.

O problema é quando a opinião do ser humano não é a mesma que teriam os bichos. E a seleção artificial acaba resultando em problemas de saúde para os cães.
É o que acontece com as raças de focinho curto, como o pug e o boxer. Motivada apenas pelo que os criadores consideram bonito, essa característica tende a causar problemas respiratórios, que se agravam cada vez que são escolhidos como modelo os com a cara mais achatada.
Incompatíveis
“O homem vem impondo padrões que chegam a ser incompatíveis com o próprio funcionamento fisiológico do animal”, afirma Ferraz.
Em outros casos, os problemas surgem não devido à escolha direta de características, mas por causa de cruzamentos de indivíduos muito próximos geneticamente, o que estimula a disseminação de doenças recessivas.
Marco Ciampi, da ONG Arca Brasil, cita o exemplo do pastor alemão, muito comum há 20 anos, mas que perdeu popularidade devido à falta de controle dos casos de displasia coxofemural. A doença genética compromete a locomoção e afeta outras raças de grande porte, como o fila brasileiro e o labrador.
Segundo a veterinária Fernanda Kerr, da Arca Brasil, o problema já foi mais grave no passado. “A displasia está sendo mais controlada pelos criadores antes do cruzamento. Animais que apresentam o problema são castrados.”
Criador de cachorros há 37 anos, o presidente da Federação de Cinofilia de São Paulo, Paulo Costa, concorda que atualmente há maior conscientização. “Hoje, as mostras de raça levam em conta não só a estética mas também a saúde. De nada adianta você ter um cachorro bonito se ele é um animal doente.”
Esses esforços, porém, podem ser solapados por fatores como a exposição excessiva de uma raça –criadores menos escrupulosos tendem a reproduzir filhotes em massa, que depois acabam até sendo abandonados.
É o caso dos dálmatas após os filmes da Disney. Muito inquietos, embora dóceis e brincalhões, os cães da raça não se adaptam a espaços pequenos e têm tendência a surdez precoce e cálculos renais, problemas que se agravaram como resultado de cruzamentos indiscriminados.
Um estímulo para criadores se preocuparem com essa questão é o fato de que a disseminação de problemas na raça trazem também prejuízos financeiros. “Para nenhum criador é interessante um cão problemático, porque ninguém vai querer comprar”, afirma Gilmar Barros, do Bulldog Club do Brasil.
Fonte: Folha

 

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