Os pedidos de resgate de animais silvestres aumentaram 26% na cidade de São Paulo neste ano, segundo dados da prefeitura. De janeiro a novembro, foram 7.320 chamados, contra 5.808 no mesmo período do ano passado, um reflexo de como a fronteira entre a cidade e a natureza está cada vez menos definida.
Saruês — também conhecidos como gambás —, saguis e até quatis têm aparecido com mais frequência em quintais, ruas, garagens e sobre muros da capital. O que antes era visto como uma cena curiosa, muitas vezes registrada em vídeo, hoje se tornou parte da rotina de quem mora perto de áreas verdes e também de quem trabalha no resgate desses animais.
Os saruês e os saguis são os campeões de ocorrências, mas a lista inclui ainda aves silvestres, como sabiás e bem-te-vis, além de cobras, capivaras e outros animais que acabam entrando em áreas urbanas em busca de abrigo ou alimento.
Quando resgatados, muitos desses animais são levados ao Centro de Manejo e Conservação de Animais Silvestres (Cemacas), localizado em Perus, na Zona Norte da capital. Só neste ano, o espaço recebeu 3.656 saruês, cerca de 1.000 saguis e 14 quatis, animais maiores e mais ariscos.
Depois do resgate, os animais passam por avaliação veterinária. Aqueles que precisam recebem tratamento e, só então, a equipe decide se já podem ser devolvidos à natureza ou se ainda vão precisar de mais tempo de cuidados. Muitos chegam desidratados, desorientados ou feridos, após quedas de telhados, choques em fios elétricos ou tentativas de atravessar avenidas movimentadas.