Uma iniciativa de investimento britânica chamada Farm Animal Investment Risk and Return (FAIRR), divulgou na semana passada um estudo de sustentabilidade chamado “O índice de produção de proteína Coller FAIRR.”
Os resultados apontaram que a maior parte das empresas relacionadas à pecuária (carne, laticínios, fornecedores de peixe) tem tido grandes dificuldades para controlar de maneira eficaz as contribuições para o aquecimento global.
Esse índice surgiu como uma ferramenta para os investidores avaliarem os riscos envolvidos nas 60 maiores produtoras de carne, laticínios e aquicultura. Promete ser a primeira avaliação mais abrangente da situação das maiores empresas de proteína animal do mundo, e a capacidade delas se adequarem às resoluções do Acordo de Paris.
As questões observadas são bem amplas, e incluem a emissão de gases estufa, o desflorestamento e perda de biodiversidade, o uso de água, o bem-estar animal, o desperdício e a poluição, o comprometimento com uma produção sustentável de proteínas vegetais, e também a segurança do trabalhador.
60% das companhias avaliadas foram consideradas como tendo um “alto risco” de dano, observando todas as categorias. Entre as empresas estão grandes nomes como McDonald’s, KFC, Nestlé, Danone e Walmart.
Em relação à emissão de gases estufa, 72% foram identificadas como de “alto risco”, enquanto só 32% apresentaram planos e metas de redução desses números. Apenas uma das 60 empresas conseguiu atingir nota máxima na redução dos gases estufa.
Além disso, 87,5% das companhias de carne e laticínios não divulgaram nenhuma maneira de controlar a emissão dos gases, e este é o maior empecilho para implementação do Acordo de Paris, que deve ser aplicado a partir de 2020.
Em uma entrevista ao jornal The Guardian, o diretor do Instituto para Agricultura e Políticas de Troca, o europeu Shefali Sharma, diz que “está claro que a indústria da carne e dos derivados de leite já ficaram longe da avaliação pública em termos de seu significativo impacto climático. Para que isso mude, essas companhias precisam ser responsabilizadas pelas emissões e devem apresentar uma estratégia confiável e verificável de redução de emissões.”
Apenas cinco das empresas observadas contabilizam o setor de proteínas de origem vegetal. E inúmeros estudos já comprovaram que a produção e consumo de carne e derivados do leite são os grandes responsáveis pelas mudanças climáticas que vemos atualmente.
O veganismo, por sua vez, é encarado como uma saída sustentável e extremamente viável, talvez a melhor delas, para que consigamos causar menos impactos aos ecossistemas terrestre e marinho.
“É sempre bom lembrar que não existe isso de carne barata – essas indústrias têm sido subsidiadas há anos pelo público porque nós pagamos pela poluição ambiental causadas por elas, e os gastos com saúde pública eles não contam em seu modelo de negócio. É aí que os governos devem interceder,” finaliza Sharma.