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ESTUDO

Pecuária é a principal responsável pela destruição do planeta

24 de novembro de 2021
Vanessa Santos | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

Um estudo realizado pela organização em defesa dos direitos animais Proteção Animal Mundial (WAP, na sigla em inglês) aponta que a exploração e criação intensiva de animais para consumo humano é a maior ameaça para a sobrevivência da espécie. A pesquisa reforça que a pecuária é a atividade que mais destrói florestas e ecossistemas necessários para o equilíbrio climático.

O trabalho feito pela organização apontou diversos pontos críticos gerados por essa prática. “Com o impacto climático das grandes empresas de carne e laticínios agora superando o de várias nações desenvolvidas, não há maior ameaça ao futuro de nosso planeta do que a expansão da pecuária industrial. Ela destrói as florestas para dar lugar às plantações destinadas à alimentação animal, liberando carbono na atmosfera. É a pecuária industrial que destrói os habitats da vida selvagem, desloca comunidades locais e lucra com o tratamento cruel de bilhões de animais de criação a cada ano”, aponta um trecho do estudo.

Além disso, a entidade chama atenção para o fato de que combustíveis fósseis são usados na produção dos fertilizantes mais despendidos em lavouras destinadas à nutrição de animais executados na pecuária. “Esses fertilizantes liberam na atmosfera nocivos gases de efeito estufa, como o óxido nitroso”, expõe a tese.

Apesar do movimento vegano ter ganhado espaço na última década, a demanda por carne está aumentando no mundo, favorecendo a continuidade e até mesmo a expansão dessa cruel indústria. “Em 1970, a produção global de vacas era aproximadamente igual à de frango e porco juntos. Com o crescimento da pecuária industrial, estima-se que até 2050, os animais de criação mais intensiva, como as galinhas e os porcos, nasçam e morram três vezes mais rápido do que as vacas. Isso significa, além de um impacto climático maior, que bilhões e bilhões de animais terão que viver uma vida de tormento e sofrimento”, alarmam os teóricos.

Dissabor

A entidade cita que para que os animais consigam suportar os rigores do confinamento, eles precisam receber todos os dias uma dosagem de antibióticos na sua ração ou água. “Essa é uma prática arriscada, que cria o ambiente ideal para o surgimento de bactérias multirresistentes e que se externam para os seres humanos, através da cadeia alimentar ou do ambiente compartilhado”.

Foto: Ilustração | Pixabay

Outro problema é o método de criação dos animais em um processo linear que não respeita os ciclos da Terra e da vida, e que aglomeram centenas de milhares de animais em um lugares que são muitas vezes pequenos. Além de um contato constante com amônia, resultando em problemas pulmonares. “O esterco espalhado nos campos e fábricas, é responsável por liberar óxido nitroso no ar e poluir os cursos de água.”

Segundo a pesquisa, foi definido que se existe preocupação das autoridades em conter as mudanças climáticas, que já começaram a acontecer, eles devem refrear a assiduidade da pecuária industrial. “As grandes empresas de criação de animais para fins alimentícios, controlam as rédeas do sistema nutricional das sociedades, através de métodos corruptos e políticas governamentais mal orientadas, que estimulam e difundem a pecuária industrial, confundindo-a com a segurança alimentar das comunidades”, complementa a dissertação.

Para organização Proteção Animal Mundial, o grande volume de carne fornecido pela pecuária representa um paradoxo. “A segurança alimentar é minada, à medida que a terra é desviada para o cultivo destinado a alimentar animais em vez de humanos. Em 50 anos, a produção de soja cresceu o dobro da taxa de aumento da população humana”, assinala a pesquisa.

A ONG acrescenta que atualmente, mais de três quartos (77%) da soja global é fornecida a animais de criação, e não utilizada para alimentação humana. “Os animais selvagens padecem, tem mortes agonizantes devido a secas, inundações e incêndios com maior frequência e severidade. Os animais se tornam menos resistentes a doenças e à destruição do habitat devido à expansão para produção de ração animal, aumentando o risco de disseminação de doenças dos animais para os seres humanos. Há um forte risco de que a pecuária intensiva provoque a próxima pandemia.”

O grupo considera que mudanças pontuais não irão resolver o problema.  “Não há como contornar a natureza intensiva em carbono inerente à criação de animais, incluindo sua dependência do comércio global de ração animal”, comunicam os estudiosos.

Lavagem verde

O termo greenwashing, que em uma tradução literal do inglês significa “lavagem verde”, é uma prática de empresas e marcas que se apropriam de causas ambientais para benefício próprio e que não se importam verdadeiramente com o meio-ambiente.

O meio pecuniário vem procurando uma maneira de apagar suas pegadas de carbono através de greenwashing e de incentivos financeiros para os governos. Porém enquanto isso está acontecendo, o tempo está passando e quem mais sofre com as mudanças climáticas e os efeitos dessa destruição em massa são os animais, principalmente os ecossistemas selvagens.

 

 

 

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