Dias atrás deparei-me com um livrinho sobre o Sacramento da Confissão para crianças. Fui dar uma olhada no exame de consciência e, por curiosidade, ver se tinha algum pecado referente à nossa relação com os animais. Para surpresa minha, encontrei um pecado na lista do sétimo mandamento: “Maltratei ou matei algum animal por pura diversão?”. Achei a publicação magnífica, pois mostra que a Igreja está despertando, mesmo que timidamente, na questão da ética da libertação animal. Claro que este manual deve ser muito raro neste sentido, talvez único, mas não deixa de ser um sinal de esperança que, futuramente, os cristãos, reconheçam que tudo aquilo que fazemos de maldade aos animais, sem nenhuma necessidade, seja pecado. Muitos irão refutar este item da lista afirmando que matamos para comer, que os animais não tem consciência, que eles valem menos que nós etc.
Todos argumentos fajutos, caducos e falsos, pois vão contra a necessidade, a verdade e a caridade.
Mas, em suma, o que é pecado? Qual o seu conceito na Bíblia? Qual a gravidade das consequências geradas por ele?
Segundo o escritor e pregador cristão Elcio Márcio, pecado (gr. “harmatias”) significa literalmente “errar”, no sentido de errar ou não atingir um alvo. A palavra era utilizada no mundo antigo para descrever um erro cometido. Quando um arqueiro grego errava o alvo, dizia-se que ele havia “pecado”. Como exemplo na atualidade, usando uma linguagem futebolística, podemos citar: “o centroavante pecou ao cabecear sobre a trave do goleiro adversário.”
No nosso caso, pecado é “errar o alvo que Deus tem para nossa existência. O alvo de Deus é que acertemos sempre, ou seja, que andemos segundo a sua divina vontade; amar como Cristo amou, andar como Jesus andou, viver como Jesus viveu…
A Bíblia trata o pecado como algo que quebra a comunhão entre o ser humano e Deus. Há uma lista enorme de pecados, e devemos saber quais são de fato, e procurar andar de acordo com a vontade de Deus.
O pecado gera a morte, e sem Cristo, todos estavam condenados ao destino eterno sem Deus. Hebreus 10, 26-27.30-31 nos dá a diretriz para entendermos o pecado consciente. O autor escreveu: 26.Depois de termos recebido e conhecido a verdade, se a abandonarmos voluntariamente, já não haverá sacrifício para expiar este pecado. 27.Só teremos que esperar um juízo tremendo e o fogo ardente que há de devorar os rebeldes. 30.Pois bem sabemos quem é que disse: Minha é a vingança; eu a exercerei (Dt 32,35). E ainda: O Senhor julgará o seu povo (Sl 134,14). 31.É horrendo cair nas mãos do Deus vivo.
Neste trecho, o autor alerta sobre o perigo de pecar voluntariamente. É um aviso importante, e não pode ser ignorado. O pecado consciente consiste em errar alvo tendo ciência do que está fazendo é contra a vontade de Deus. O pecado consciente, é o pecado deliberado ou proposital; trata-se, na verdade, de rebeldia contínua. Não há esperança para aquele que diz seguir a Cristo, obteve o conhecimento da verdade, e depois vive pecando conscientemente.
Vamos lembrar o pecado citado pelo manual de Confissões: “Maltratei ou matei algum animal por pura diversão?”. Pergunto: Churrasco é necessidade ou diversão? Zoológico é necessidade ou diversão? Consumo de leite é necessidade ou uma fonte de doenças? Consumo de ovos é necessidade ou exploração de aves? O estilo de vida alicerçado na exploração de animais ajuda ou detona o planeta? Nossa geração está cada vez mais saudável ou doente? O emocional das pessoas está cada vez mais equilibrado ou desatinado? A verdade já chegou até mim? Eu a nego? Eu a rejeito? Eu a ignoro? Eu sou indiferente? Meu pecado é consciente?
O pecado intencional cometido por uma pessoa que conhece a misericórdia de Deus traz consequências terríveis e permanentes.