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ATIVISMO

Paul Watson diz que não vai parar de lutar pelas baleias mesmo na prisão

O tribunal de Nuuk, na Groenlândia, deve decidir em 04 de setembro se prolonga sua custódia

2 de setembro de 2024
Júlia Zanluchi
3 min. de leitura
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Foto: Miguel Medina

O Capitão Paul Watson declarou em entrevista à AFP que não vai parar de lutar contra a caça às baleias mesmo na prisão. Preso desde o dia 21 de julho, ele foi entrevistado na sala de visitas da Prisão de Nuuk, na Groenlândia, contando sobre sua realidade no momento e sobre a continuação de seu trabalho.

Watson, que apareceu na série de TV de realidade “Whale Wars” e fundou a Sea Shepherd, assim como a Captain Paul Watson Foundation (CPWF), é conhecido por suas táticas radicais, incluindo confrontos com navios baleeiros no mar. Ele foi preso com base em um mandado de prisão emitido pelo Japão em 2012, que o acusa de causar danos a um de seus navios baleeiros em 2010, na Antártica.

Enquanto o governo dinamarquês, responsável pela Groenlândia, decide se ele será extraditado para o Japão, Weston continua preso.

Em 2012, ele foi preso na Alemanha a pedido da Costa Rica por outro incidente. Foi libertado sob fiança e obrigado a se apresentar à polícia diariamente, mas deixou o país para evitar a extradição.

Desta vez, Watson e sua equipe jurídica insistem que Tóquio tem uma vendetta contra ele. “Eles querem dar um exemplo de que você não brinca com a caça às baleias deles”, explicou Watson.

Vida na prisão

De sua cela no moderno prédio cinza da prisão com vista para o mar, Watson contou que pode assistir às baleias e icebergs passando por sua janela. “É quase como se eu estivesse no convés do meu navio”, disse ele, declarando que é a melhor prisão em que já esteve.

O ativista disse que não se importa tanto com sua detenção, exceto que sente falta de seus filhos, de três e sete anos.

Watson passa o tempo assistindo a programas de detetive e lendo muito, mas principalmente escrevendo. Ele entrega seus textos a Lamya Essemlali, a chefe da Sea Shepherd França, que o visitou quase diariamente desde sua prisão.

Os outros detentos “são todos grandes fãs”, disse ele, apesar de sua oposição à caça tradicional de focas da Groenlândia.

O capitão também contou que recebe muitas cartas de apoio, principalmente de crianças, o que o deixa um pouco aliviado. “Se conseguirmos alcançar as crianças, acho que as coisas podem mudar”, afirmou.

Sentença

Como Watson mora na França há quase dois anos, o gabinete do Presidente francês Emmanuel Macron pediu à Dinamarca que não extradite o ativista, assim como Brigitte Bardot, a lendária atriz francesa que se tornou ativista dos direitos animais.

O tribunal de Nuuk deve decidir em 4 de setembro se prolonga sua custódia.

Mas o capitão diz que a Dinamarca está em uma posição difícil. “Eles não podem me extraditar porque, primeiro, são defensores veementes dos direitos humanos”, pontuou. “Eu não fiz nada, e mesmo que tivesse feito, a pena seria (uma multa de) 1.500 coroas (223 dólares) na Dinamarca – nem mesmo uma sentença de prisão – enquanto o Japão quer me sentenciar a 15 anos.”

Continuação do trabalho

Watson tem um navio estacionado em cada hemisfério, pronto para entrar em ação se um dos países que ainda permite a caça às baleias – Islândia, Japão e Noruega – retomar a caça. “Em 1974, meu objetivo era erradicar a caça às baleias, e espero fazer isso antes de morrer”, declarou.

Ele insiste que sua ONG “não é uma organização de protesto”. Watson disse que eles são uma organização de execução garantindo que os mares sejam protegidos, rejeitando o rótulo de ecoterrorista às vezes usado contra ele.

“Eu faço uma interferência agressiva e não violenta. Não há contradição entre agressividade e não-violência – significa que tentarei tirar a faca da pessoa que tenta matar uma baleia, mas não a machucarei. Eu não ultrapasso o limite, nunca machuquei ninguém”, finalizou ele.

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