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Pássaros voam 14.484 quilômetros até a África

25 de fevereiro de 2012
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(Foto: Reprodução/Hype Science)

Pequenos pássaros cantantes, que pesam não mais do que duas colheres de sal, aparentemente fazem uma viagem global regularmente, do Ártico até a África, cruzando tanto a Ásia quanto o Atlântico para isso.

Os cientistas já sabiam que o chasco-cinzento (Oenanthe oenanthe) possuía um dos maiores alcances de qualquer pássaro cantante do mundo, com locais de reprodução indo do Alasca até a Europa e a Ásia. Esses pássaros comedores de insetos aparentemente deixam a região Ártica no inverno, mas ainda era um mistério o lugar de destino.

Agora, usando marcadores, os investigadores conseguiram encontrá-los na África subsaariana. A viagem, que vai de um a três meses, chega a 14.484 quilômetros.

“Esse é o único pássaro terrestre conhecido que consegue ligar dois ecossistemas radicalmente diferentes, do Mundo Antigo para as regiões Árticas do Novo Mundo”, afirma o pesquisador Ryan Norris, da Universidade de Guelph, no Canadá.

Até pouco tempo, detalhes sobre a migração desse pássaro continuavam desconhecidos porque os geolocalizadores, que funcionam medindo os níveis de luz (e consequentemente latitude e longitude), eram muito grandes e pesados para colocar em pássaros com um peso médio de 25 gramas. Os cientistas desenvolveram novos, com 1,2 gramas, colocados nas patas dos animais.

“Provavelmente não é um grande trabalho para os pássaros carregar esse pequeno peso extra”, comenta o ornitologista Heiko Schmaljohann. Na verdade, os pássaros dobram seu peso médio durante os períodos de migração, para dispor de energia extra.

Os investigadores marcaram 46 pássaros adultos enquanto estavam no verão do Ártico – 30 no Alasca e 16 no nordeste do Canadá – e os deixaram migrar para onde quisessem.

Os pássaros aparentemente seguiram duas rotas, pelo oceano e pelo deserto, do Ártico até a África. Em uma delas, os pássaros do Canadá cruzaram 3.500 quilômetros do Atlântico Norte, chegaram à Inglaterra, viajaram o sentido sul da Europa, e migraram pelo Mediterrâneo e o Saara até o sul da África.

“O Atlântico Norte foi cruzado numa média de 850 quilômetros por noite”, afirma Schmaljohann. Permanece um mistério se essa viagem oceânica foi feita sem paradas – os pássaros podem ter parado na Islândia. Um bom vento poderia ajudar também.

Em outra rota, eles voaram do Alaska, passando pela Sibéria e a Arábia, até o sul da África. O total foi de 14.484 quilômetros. “Nós subestimamos totalmente a capacidade de voo dos pássaros, até agora”, afirma Schmaljohann.

Após a migração, os pássaros voam de volta para o lugar de partida, formando uma das jornadas migratórias mais longas de qualquer pássaro do mundo, particularmente um desse tamanho.

Os pesquisadores conseguiram pegar quatro dos localizadores de volta, quando os pássaros retornaram para o Ártico. Eles também analisaram a formação e composição química das penas, para ajudar a apontar onde eles estiveram.

O supervisor do estudo, Franz Bairlein, afirma que “esses resultados terão uma influência no entendimento da migração e com certeza vão afetar futuros modelos das migrações dos pássaros”.

Considerando as distâncias que os albatrozes migram – cerca de 80 mil quilômetros por ano – “parece que a performance de migração dos pássaros é na verdade limitada pelo tamanho da Terra”, finaliza Schmaljohann.

Fonte: Hype Science

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