EnglishEspañolPortuguês

POLUIÇÃO

Pássaros têm tanto plástico no corpo que rangem ao serem tocados em ilha remota

Pesquisadores encontraram 778 pedaços de plástico em um único filhote

22 de maio de 2025
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
A-
A+
Foto: Southern Lightscapes Australia/Getty Images

Em Lord Howe, uma ilha remota com menos de 500 habitantes na Austrália, dezenas de milhares de aves marinhas estão tão cheias de plástico que suas barrigas rangem ao serem tocadas.

“Há agora tanto plástico dentro das aves que você pode senti-lo do lado de fora do animal enquanto ele ainda está vivo”, disse a Dra. Jen Lavers, bióloga marinha que estuda as pardelas da ilha há quase duas décadas. “Quando você pressiona a barriga delas… ouve os pedaços se esfregando uns nos outros”, contou ela à ABC News Australia.

Em abril, Lavers e sua equipe quebraram um recorde alarmante: 778 pedaços de plástico foram encontrados dentro de um único filhote de 80 dias. “Lamento dizer que ontem superamos [o recorde] de forma absurda”, afirmou. “Em um dos cantos mais prístinos do nosso planeta.”

Essa quantidade de plástico correspondia a quase um quinto do peso do filhote.

Para conscientizar, os pesquisadores gravaram o som do ranger — uma prova gráfica de que essas aves estão se transformando em maracas vivas de lixo marinho.

O som é perturbador, mas Lavers diz que faz parte de uma mensagem muito maior. “Essas aves têm uma história muito importante para contar”, explicou. “E o que elas estão nos dizendo é que suas populações estão em declínio, e a quantidade de plástico que consomem só aumenta.”

Até políticos estão se envolvendo. O senador do Partido Verde australiano, Peter Whish-Wilson, visitou a ilha a convite de Lavers. “Não é o tipo de lugar onde você espera ser chocado”, disse ele, “e sair se sentindo um pouco traumatizado.”

No local de nidificação, ele ajudou os pesquisadores a remover plástico de aves vivas. Entre os itens encontrados estavam uma tampa de seringa, uma bituca de cigarro e peças de mobília. “Foi horrível de ver. Senti uma variedade de emoções, de raiva e tristeza até vergonha”, afirmou. “O que foi visto não pode ser desvisto.”

Desde 2008, a quantidade de plástico encontrada nessas aves marinhas disparou. Naquela época, a maioria carregava de cinco a dez fragmentos. Agora, cada ave examinada tem 50 ou mais.

A Dra. Lavers chama as pardelas de “espécie sentinela” — um alerta. Essas aves estão enviando uma mensagem clara e contundente, basta ouvir o ranger.

    Você viu?

    Ir para o topo