Estudos indicam que as aves terrestres são responsáveis pelo plantio de grande parte das árvores de Fernando de Noronha. Pesquisadores estão na ilha e realizam coleta de dados e monitoramento para entender o papel dos pássaros no reflorestamento.
O trabalho é realizado por estudiosos do Instituto Retriz, que comanda o Projeto Aves de Noronha. O sebito (Vireo gracilirostris), a cocuruta (Elaenia ridleyana) e a arribaçã (Zenaida auriculatasão) são os alvos desta etapa da pesquisa.
Os pássaros dessas espécies são capturados, medidos e pesados. As penas são avaliadas, é feita a coleta de material genético para análise e o animal ganha uma anilha, uma placa com numeração que funciona como uma espécie de CPF para identificação das aves.
Até mesmo as fezes dos animais são colhidas para interpretação do reflorestamento, e, segundo os pesquisadores, são de extrema importância para a pesquisa.
“As fezes são muito importantes. As aves se alimentam dos frutos das árvores, quando esse fruto passa pelo trato digestivo, sai só a semente, sem a popa. Nossa hipótese é que, após sair nas fezes, a semente vai germinar uma árvore com mais facilidade”, disse a coordenadora do Projeto Aves de Noronha, a bióloga Larissa Amaral.
A coordenadora do Instituto Retriz, Cecília Licarião, afirmou que as aves terrestres têm papel-chave na ecologia de Fernando de Noronha.
“Nesta etapa do estudo, nós tentamos ligar os pontos. As aves terrestres plantam as árvores, já as aves marinhas se reproduzem nessas árvores. É um ciclo que se conecta e se fecha”, informou a coordenadora do Instituto Retriz.
Cecília Licarião explicou que a pesquisa busca descobrir a importância de cada espécie no ecossistema.
“Queremos saber os papéis fundamentais nessa teia. As aves se conectam com as florestas e as florestas se conectam com o mar. Terra, água e mar estão ligados e nós queremos entender com mais profundidade tudo isso”, falou Cecília Licarião.
Os trabalhos de captura são realizados na região do Sancho, que faz parte do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha.
Fonte: G1