A Polícia Federal deflagrou uma operação contra o tráfico de animais silvestres, incluindo espécies ameaçadas de extinção. A organização criminosa atuava em cidades do Norte do Espírito Santo e também no Rio de Janeiro.
As investigações apontam que o grupo age há mais de 15 anos no Espírito Santo, capturando e vendendo animais, como papagaios, macacos e jacarés. Na terça-feira (09/11), 42 aves foram resgatadas de cativeiros.
A ação chamada de “Aveas Corpus” cumpriu 13 mandados de busca e apreensão nas cidades de Vila Valério, São Gabriel da Palha, Nova Venécia e Águia Branca, no Espírito Santo, além de Magé, no Rio de Janeiro.
De acordo com a Polícia Federal, duas pessoas foram presas, sendo uma em Vila Valério, onde 20 papagaios foram encontrados, e outra no Rio de Janeiro, onde 19 pássaros silvestres foram resgatados. Outras três aves estavam em São Gabriel da Palha, totalizando 42 aves.
Nas imagens, os animais, muitos deles ainda filhotes, aparecem dentro de caixas e em outros compartimentos.
“A organização vendia especialmente papagaios da raça Chauá, mas não se limitava a papagaios, eles também vendiam outras aves, vendiam macacos, vendiam jacarés. Foi descoberto todo esse esquema criminoso, que tinha uma parte no Espírito Santo e uma parte no Rio de Janeiro”, explicou o superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, Eugênio Ricas.
Ao Portal G1, Ricas explicou que nesta fase da operação o foco da polícia é obter mais provas sobre o grupo criminoso.
“Essa fase da operação é importantíssima para que a gente obtenha mais provas, para que em uma futura fase dessa mesma investigação, sejam realizadas prisões, a fim de que essa organização criminosa, que tem trazido graves prejuízos à fauna não permaneça impune”, disse.
Animais são retirados de ninhos e mães são mortas
A principal espécie de papagaio traficada pelo grupo investigado é o Papagaio Chauá, mas também se verificou outras espécies, como a Maracanã-verdadeiro e a Maritaca.
Segundo a PF, o grupo também comercializa outros animais silvestres, incluindo macacos-prego (também ameaçado de extinção), coleirinhos, corrupiões, corujas e de filhotes de jacaré.
No caso dos macacos-prego, apenas os filhotes eram capturados, pois os animais adultos são muito agressivos. Para conseguir pegar os filhotes, os caçadores matavam as mães, diz a PF.
Somente em 2020, cerca de 55 filhotes de papagaios foram capturados. De acordo com a PF, considerando que o grupo criminoso atua há cerca de 15 anos, a estimativa é de que 20 mil aves tenham sido capturadas.
As investigações tiveram início após pessoas terem sido presas durante uma fiscalização do Ibama e do ICMBio. Elas estavam com oito filhotes de papagaio Chauá, que possivelmente foram capturados na Reserva Biológica de Sooretama.
A partir daí, foram identificadas ao menos oito pessoas que atuam em Vila Valério, São Gabriel da Palha, Nova Venécia e Águia Branca predando ninhos e capturando filhotes de aves de várias espécies. Durante o período de nascimento dos filhotes, entre setembro e janeiro, os caçadores coletam os filhotes das aves nos ninhos e os vendem a um intermediário no Espírito Santo.
“O intermediário repassa os animais para um grande comerciante de animais silvestres ilegalmente capturados na natureza que, a partir do Rio de Janeiro, envia os animais para outros estados do país”, explicou a PF.
Cada filhote de papagaio é vendido pelos caçadores por cerca de R$100,00. Já o intermediário os revende para o comerciante no Rio de Janeiro por R$ 150,00. Os animais são vendidos por até R$ 3 mil ao comprador final.
Os investigados poderão responder pela prática de crimes contra a fauna; maus-tratos aos animais e associação criminosa. Por haver a prática de caça profissional, a pena poderá ser aumentada até o triplo.