Um pássaro pouco conhecido despertou nas últimas semanas a atenção de moradores da localidade de Linha São José, no interior de Arroio do Tigre. Em viagem de férias, Renato Schuck, de Toledo (PR), fotografou a ave na propriedade do sogro, Horaci Schuh. Trata-se de um urutau (Nyctibius griseus), espécie rara e ameaçada de extinção, encontrada em poucas partes do Brasil, sobretudo no Centro e no Norte. No Rio Grande do Sul, a sua presença é pouco comum.
A ave tem hábitos noturnos e se camufla de acordo com o local onde se encontra. Normalmente se passa por um pedaço de madeira, galho de árvore ou mesmo troncos partidos ou em pé. Costuma ficar estática e não se assusta facilmente. Alcança até 37 centímetros, fora a cauda, e não é uma espécie acostumada ao convívio urbano.
Renato Schuck conta que nos primeiros dias em que esteve na região, havia um ovo sendo chocado, mas ele perdeu a oportunidade de registrar o fato. Nas fotos feitas depois aparece o filhote, com a cor branca, na frente da ave materna/paterna.
A mesma espécie de ave apareceu no verão de 2007 e de 2008 na propriedade do agricultor Ernani Luiz Hermes, em Linha João Alves, interior de Santa Cruz do Sul. Na época, segundo Hermes, o pássaro não se mexia durante o dia: permanecia reto, imóvel em um galho e com a cabeça para cima. Por ser um animla noturno, ele costuma se esconder na extremidade de troncos e usa a penugem cinza tigrada para confundir os predadores.
O pássaro que apareceu na propriedade de Hermes, em 2007, também criou um filhote até conseguir voar, indo embora após cerca de 40 dias. Como é típico da espécie, a ave não constrói ninhos. No período após o acasalamento, deposita seus ovos em uma cavidade natural de seu poleiro noturno. Quando o filhote nasce, fica protegido pelo corpo da mãe.
A alimentação é constituída basicamente de insetos que ele consegue apanhar em pleno voo, principalmente os grandes; porém, pode comer outros bichos de pequeno porte como morcegos, lagartos e pequenos pássaros. O seu canto angustiado só é ouvido durante a noite e dá à ave um nome pela qual é popularmente conhecida no Norte do País: pássaro-fantasma.
Fonte: Gazeta do Sul