Um pássaro que passou quatro décadas extinto na natureza acaba de reiniciar seu ciclo reprodutivo, surpreendendo cientistas e renovando as esperanças da conservação ambiental.
A notícia representa um marco raro e animador no combate à perda de biodiversidade, resultado de esforços coordenados por instituições ao redor do mundo.
Pássaro que ficou extinto 40 anos reinicia processo de reprodução
A espécie em questão é o sihek, nome local do martim-pescador de Guam (Todiramphus cinnamominus), ave nativa da ilha de Guam, no Pacífico.
Pequeno, de plumagem vibrante em tons de azul e canela, o sihek desapareceu do ambiente natural após a introdução acidental da cobra-arborícola marrom, uma predadora que dizimou aves locais ao se alimentar de ovos e filhotes.
O impacto foi devastador: por volta dos anos 1980, restavam apenas algumas dezenas de indivíduos, que foram resgatados e levados para cativeiros nos Estados Unidos.
Desde então, um esforço de conservação de longo prazo foi colocado em prática, com foco na reprodução controlada da espécie de pássaro.
Centros de proteção, como o Zoológico de Sedgwick County e a Sociedade Zoológica de Londres, foram responsáveis por manter os sihek vivos em ambientes protegidos, estudando seu comportamento e assegurando sua sobrevivência em cativeiro.
Em 2024, após anos de preparação e planejamento, seis exemplares foram reintroduzidos em uma área isolada e livre de predadores: o Atol de Palmyra, uma reserva protegida sob jurisdição dos Estados Unidos.
O local foi escolhido por oferecer condições semelhantes ao habitat original, mas sem a ameaça da cobra invasora. Cada ave recebeu um rastreador, permitindo o monitoramento contínuo pelos pesquisadores.
Primeiro ovo do pássaro em 40 anos foi encontrado em 2024
A maior surpresa veio quando, em março de 2024, foi encontrado o primeiro ovo depositado em ambiente natural em 37 anos.
O feito representa não apenas o sucesso da reintrodução, mas o início de uma nova etapa: o retorno da reprodução autônoma da espécie fora do cativeiro.
O casal responsável pelo feito foi apelidado de Tutuhan e Hinanao pelos cientistas que acompanham o projeto.
Com os primeiros jovens sihek atingindo a maturidade reprodutiva nos próximos meses, o plano é continuar com novas solturas em ilhas seguras próximas, enquanto se trabalha para, futuramente, reintroduzi-los em Guam.
A recuperação da espécie reforça o papel da ciência e da colaboração internacional na reversão de perdas ambientais que antes pareciam definitivas.
Fonte: Diário de Pernambuco