A primavera é época de reprodução para muitas espécies de pássaros, especialmente em regiões que a estação significa o fim da seca e a retomada de chuva e uma consequente abundância de alimento disponível nas árvores frutíferas e também em áreas verdes. Com isso, ninhos ficam cheios de ovos e também de filhotes desavisados.
Neste cenário, pode ocorrer a queda desses passarinhos do ninho, ficando vulneráveis a predadores, que muitas vezes podem ser animais domésticos, como cães ou gatos. O que fazer ao encontrar um filhote perdido?
O primeiro passo é saber se ele realmente está perdido. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de São Paulo orienta observar a ave para identificar a idade. Os filhotes que precisam de uma ajudinha são os bebês, classificados como “ninhegos” pela ciência. Eles quase não têm penas e não conseguem andar ou saltar. Neste caso, avistando um ninho próximo, a indicação é devolvê-lo e observar se eventualmente os pais aparecem.
“Caso o ninho não seja encontrado ou esteja inacessível, improvise um novo ninho fora do alcance de animais domésticos e protegido de chuva e do vento. Caso o filhote fique lá por muito tempo sem que os pais se aproximem, entre em contato com os órgãos competentes do seu município”, observa a Associação Mata Ciliar, que desde 1987 trabalha para a conservação da biodiversidade, inclusive atuando na reabilitação de animais silvestres, com base em Jundiaí (SP).
Tocar nos filhotes não vai prejudicar a relação deles com os pais, como muitas vezes é dito informalmente, diz a secretaria paulistana.
Jovens aventureiros
Se por acaso o filhote for mais ativo, já com penas desenvolvidas, trata-se de um jovem explorador. Neste caso, o melhor é deixar a ave onde está, pois é natural que a partir de certo desenvolvimento eles comecem a reconhecer as redondezas. Se você colocá-lo de volta no ninho, ele provavelmente vai saltar para fora de novo.
“As aves jovens necessitam de uma dieta especial e, principalmente, aprender com seus pais o comportamento e as vocalizações de sua espécie – coisas que não podemos ensinar”, comenta a secretaria.
“Felizmente, muitos dos ‘abandonados’ são avezinhas jovens e perfeitamente sadias, e os pais provavelmente estão por perto, cuidando dele e outros dois ou três jovens, espalhados por ali. Por isso, é muito provável que retornem para cuidar desse que você encontrou, assim que você for embora.”
De acordo com o professor do departamento de Zootecnia da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) e criador do Projeto Olha o Passarinho, Everton Rodolfo Behr, a mortalidade de filhotes de aves é muito alta e pode ultrapassar 50% em relação ao percentual de nascimentos em algumas espécies. “Os óbitos podem acontecer mesmo no ninho, por predação de cobras, aves maiores e mamíferos, com variações conforme a espécie, ano, local e demais condições.”
Passo a passo
Mantenha o filhote perto de onde foi encontrado, tomando o cuidado de evitar o acesso de animais domésticos. Observe à distância (de preferência de dentro de casa), para verificar se os pais retornam, pois eles costumam checar o filhote a intervalos regulares.
Aves adultas são muito eficientes e não costumam permanecer no local por muito tempo, o que talvez dificulte a você perceber uma dessas visitas. Só assim você se certificará de que não se trata de uma ave órfã.
Após quatro a seis horas de observação, se ficar evidente que nenhuma ave adulta está cuidando do jovem, ele poderá ser recolhido e encaminhado a um centro de reabilitação. A Polícia Militar Ambiental pode fornecer orientações no telefone 190, assim como o Corpo de Bombeiros, no 193.
Fonte: Um Só Planeta