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DESEQUILÍBRIO

Parques eólicos podem levar à extinção de espécies de morcegos, alerta estudo

Os morcegos morrem pela colisão ou por hemorragia interna nos pulmões causada por mudanças de pressão repentinas em torno das turbinas

10 de junho de 2024
Alessandro Di Lorenzo
2 min. de leitura
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Foto: Shutterstock

energia eólica tem ganhado cada vez mais espaço em meios aos esforços contra as mudanças climáticas. No entanto, esta alternativa tem um ponto negativo. Os parques eólicos são responsáveis pela morte de milhares de morcegos em todo o mundo.

Número de mortes de morcegos está aumentando

  • Segundo pesquisas internacionais, cerca de 780 mil morcegos e outros vertebrados morrem por ano nos Estados Unidos, Alemanha, Canadá e Reino Unido.
  • Para cada megawatt (MW) de capacidade instalada na América do Norte e na Europa Central, de 6 a 7 morcegos morrem anualmente.
  • Já na América Latina, estes números variam de 2 a 57 animais por MW ao ano.
  • Os dados foram reunidos por pesquisadores do Brasil e de mais oito nações para discutir a interação dos morcegos com as turbinas e sugerir medidas para diminuir o número de mortes.

Mudanças estruturais e operacionais podem fazer diferença

Os cientistas explicam que os morcegos morrem pela colisão com os aerogeradores ou por barotrauma, hemorragia interna nos pulmões causada por mudanças de pressão repentinas em torno das turbinas. No artigo, publicado na revista BioScience, são relatados declínios populacionais preocupantes dos animais na Europa Central. O trabalho ainda alerta para a possibilidade de extinção de algumas espécies.

Não há um consenso sobre por que as pás atraem os morcegos. As evidências, principalmente em países de clima temperado, indicam que os insetívoros são os mais afetados pelas colisões e barotrauma por voarem em altitudes maiores.

No Brasil, também são afetados os frugívoros, que se alimentam de frutas e dispersam sementes. Os animais também sofrem com a perda de hábitats, devido ao desmatamento para criação de novos parques eólicos, ou deixam de frequentar uma área em razão da operação das turbinas.

Em função do cenário, os pesquisadores sugerem a adoção de algumas medidas. A primeira delas é evitar a construção de usinas em áreas ecologicamente importantes para os morcegos, como trechos de rotas migratórias ou próximas de cavernas que abrigam grandes populações. A recomendação é de que as turbinas fiquem a pelo menos 500 metros de distância desses locais.

Os cientistas também defendem que os parques restrinjam o funcionamento em momentos de grande atividade de morcegos, reduzindo a velocidade das pás em horários e épocas em que os animais são mais ativos. Com uma redução de 10% na velocidade de rotação seriam evitadas até 80% das mortes.

Por fim, eles sugerem a criação de diretrizes globais para a proteção desses mamíferos nos parques eólicos e licenciamentos mais rígidos que exijam monitoramento e dados públicos sobre mortalidade.

Fonte: Olhar Digital

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