O Parque Nacional do Iona, um dos maiores de Angola, situado no território do Tômbwa, carece de apoio institucional para combater a caça.
O administrador municipal, João Guerra, disse que os animais estão reaparecendo, aumentaram a reprodução e já não fogem tanto como há três ou quatro anos. “Mas só nós, sozinhos, não conseguimos fazer nada. É preciso mais apoio”, lamentou.
João Guerra sublinhou a preocupação da governadora Cândida Celeste quanto à preservação da fauna e flora. “Ela está muito preocupada com o Parque Nacional do Iona. Numa clara manifestação da sua sensibilidade para com a vida animal e a flora, visitou em duas ocasiões o Parque do Iona e baixou orientações no sentido de melhorarmos a qualidade do trabalho que lá prestamos”, disse João Guerra.
Um dos maiores constrangimentos a uma proteção mais eficaz à fauna do Iona é a falta de meios de transporte. “Se tivéssemos carros rápidos e motos tipo quatro para andarmos por cima das dunas e das espinheiras até à foz do rio Cunene, pode ter a certeza que muitos desses senhores que vêm com os seus carros preparados para o deserto não brincariam tanto conosco”, afirmou João Guerra, em tom de desafio.
As autoridades veem-se numa situação de impotência ante a sofisticação dos meios utilizados pelos turistas/caçadores furtivos. “Quando ouvimos um tiro arrancamos para os procurar, mas acabamos por ver somente a poeira, porque andam com carros de alta cilindrada e conhecem todos os caminhos de entrada e saída do Parque. A solução passa pela aquisição de meios capazes. Embora não tenhamos tanta caça furtiva, temos de nos preocupar com isso”, assegurou.
Para o administrador municipal do Tômbwa são necessários investimentos para que se tenha uma fiscalização séria nos parques nacionais, com pessoas capazes e bem treinadas. “Isso vai permitir que a reprodução dos animais se faça a uma velocidade enorme, porque vão ficar sossegados no seu habitat, coisa que agora não acontece, pois ficam assustados com as pessoas que vão aos tiros dentro do Parque”.
Sublinhou que já se notam os efeitos das campanhas de sensibilização e de moralização da sociedade, pois a caça furtiva “já não se faz com tanta agressão”.
“Existe a consciência da preservação do ambiente. A questão da cidadania deve ser a nossa bandeira, o porta-estandarte para que as pessoas respeitem a natureza, as instituições do Estado, a Bandeira Nacional, o Presidente da República e a Constituição”, defendeu o administrador.
Fonte: Rádio N´gola Yeto