Por Amary Nicolau (da Redação – Canadá)
Depois de uma viagem de seis horas de Ottawa à Marineland, mesmo parque onde ativistas de direitos animais realizaram uma manifestação na última segunda-feira (2), em Niagara Falls, no Canadá, dois visitantes juraram nunca mais voltar. Depois de testemunharem uma foca sangrando e uma morsa sendo chutada, descreveram a visita ao parque como “horrível”.
Julie McEwen e Samanta Emery visitaram o parque em 10 de agosto, acompanhadas por outra amiga e seu filho de 1 ano. Essa não foi a primeira visita das duas amigas ao parque. Julie se lembra de ter visitado o parque com apenas sete anos de idade na época.
“Assim que chegamos no parque, fomos para uma área de visualização, onde as focas nadam em uma piscina pequena”, explicou Julie, “e vimos uma das focas com uma ferida no estômago. Ela estava deitada na plataforma, a ferida sangrava muito e o sangue escorria da plataforma para a piscina.”
O sangramento era visível para todos que lá estavam, “e quando os treinadores se aproximaram, nada fizeram, nem mesmo retiraram a foca do local para tratar a ferida”, acrescentou Julie.
Preocupadas com as condições de saúde da foca, elas perguntaram a um dos funcionários do parque o que havia acontecido com o bicho. O funcionário disse que era apenas um corte, e que não era possível colocar um band aid em uma foca.
O estado de choque em que as amigas estavam foi agravado ao ver um leão marinho com os olhos brancos. Elas acreditam que o animal era cego. Lá também estavam mais 8 focas nadando em uma pequena piscina cheia de excrementos.
“Haviam pais tampando os olhos de seus filhos, pois não queriam que as crianças vissem o animal sangrando. Também foi muito difícil conseguirmos tirar fotos, pois enquanto a foca nadava, a água estava turva, muito suja”, contou Samanta.
O fundador e presidente da organização Fins and Fluke, Alex Dorer, visitou o parque em maio deste ano e se chocou ao ver que as focas e leões marinhos mais idosos são forçados a viver em um pequeno quarto escuro, que cheirava mal, com pouquíssima luz natural.
Alex disse que o aquário do parque é uma das piores instalações. “Eu fiquei preocupado, pois os animais não podem sair desse quarto e muito menos ter contato com a luz do sol.”
Após deixarem o aquário , seguiram para a Friendship Cove, passando por outra pequena piscina, onde nadavam sete baleias beluga.
“Estas baleias são enormes e definitivamente precisam de mais espaço”, disse Julie.
As visitantes também encontraram Kriska, a solitária baleia orca do parque. “A miserável baleia nadava sozinha em uma grande piscina. Não pode ser saudável para esta baleia estar confinada nesta piscina sozinha, quando normalmente essa baleia viaja vários quilômetros junto ao seu grupo,” disse Julie.
Ao final de um show de malabarismo dos mamíferos marinhos, o treinador apresentou uma morsa, que as visitantes acreditam ser a morsa Smooshi.
“Esta morsa parecia incrivelmente cansada e doente, fazendo seus truques lentamente, o que fez com que seu “treinador” a chutasse duas vezes para obter a sua atenção e, em seguida, deu-lhe um peixe. Centenas de pessoas sentadas no meio da multidão testemunharam este abuso”, disse Julie.
Phil Demers, ex-treinador do parque Marineland, está sendo processado pelo parque por difamação, pois foi ele quem falou pela primeira vez sobre as condições precárias do parque e dos maus-tratos aos animais que lá vivem. Phil trabalhava diretamente com a morsa Smooshi.