A Assembleia Legislativa dos Açores irá debater e votar hoje o diploma legislativo que permite a realização de corridas de touros picadas no arquipélago, assunto polêmico que tem dividido os açorianos e que repousa agora nas mãos dos deputados.
Em causa, está a possibilidade de picar o touro com uma vara, antes de ser apresentado ao toureiro, num ato que os adeptos da tourada consideram preparar o animal para o espectáculo. Já os defensores dos direitos dos animais defendem que se trata de uma grande violência física e visual, que gera sofrimento desnecessário ao touro.
O processo legislativo iniciou-se há poucos dias, somente a partir do último dia 23 de abril, quando deu entrada no parlamento açoriano um projeto de decreto regional, com apenas quatro artigos, que na prática poderá legalizar a denominada “sorte de varas”. O fato de ser subscrito por 26 deputados, do PS, PSD, CDS/PP e PPM, praticamente assegura a sua aprovação no plenário, já que necessita apenas de mais três votos ou três abstenções.
A iniciativa legislativa foi possível na sequência do novo Estatuto Político-Administrat ivo dos Açores, que atribui competência legislativa ao parlamento regional em matéria de espetáculos e divertimentos públicos na região, onde se incluem as touradas e tradições tauromáquicas nas suas diversas manifestações.
Os líderes dos principais partidos, Carlos César e Berta Cabral, do PS/Açores e PSD/Açores, respectivamente, já deram liberdade de voto, de acordo com a consciência de cada deputado. Em termos de opinião pessoal, Carlos César já fez saber que é contra a sorte de varas, não sendo ainda conhecida a opinião de Berta Cabral em relação a esta matéria. Dentro das próprias bancadas parlamentares, as opiniões dividem-se.
Símbolos dos dois lados da questão, a Associação Ecologista Amigos dos Açores (AEAA) e a Tertúlia Tauromáquica Terceirense (TTT) têm vindo, nas últimas semanas a trocar argumentos contra e a favor das corridas picadas. Para aTTT, a sorte de varas é uma tradição nos Açores, além de que a sua legalização permitirá melhorar a qualidade dos espectáculos tauromáquicos. Já os AEAA defendem que não há nenhuma tradição açoriana nesta questão, alegando a barbaridade da sorte de varas.
Fonte: Jornal Diario