O crescimento da demanda por alimentos sem ingredientes de origem animal tem incomodado quem vê a mudança de hábitos como uma ameaça na Europa. Uma prova disso é que esta semana o Comitê de Agricultura do Parlamento Europeu aprovou uma proibição que impede que alimentos sem ingredientes de origem animal sejam chamados de “burgers”, “linguiças ou “salsichas”. O projeto propõe que sejam classificados como “discos” e “tubos”.
No próximo mês a medida vai ser votada no Parlamento e, se aprovada, outros alimentos também poderão ter seus nomes e rótulos alterados para dissociá-los da ideia de “substitutos de alimentos de origem animal”.
Defensores da proposta dizem que querem evitar que os “consumidores sejam enganados”. Já os políticos contrários à medida apontam que se trata simplesmente de lobby da indústria de carnes e laticínios. “Como alguém poderia ser enganado se no rótulo é preciso discriminar quais são os ingredientes? E à base de que é o produto”, questionam os opositores.
“Isso mostra o quanto o Comitê de Agricultura do Parlamento Europeu irá promover a produção industrial de carnes e laticínios, seja em detrimento do meio ambiente, das comunidades rurais ou, neste caso, do senso comum”, criticou o diretor de políticas agrícolas do Greenpeace, Marco Contiero, segundo o jornal britânico The Independent.
É difícil não considerar que tais polêmicas surgiram nos últimos anos, quando o mercado de alternativas à carne e aos laticínios começou a ganhar mais visibilidade, investimentos e mais apoio dos consumidores. Nos Estados Unidos, a Associação de Produtores de Leite até hoje tem se esforçado para proibir que leites que não sejam de origem animal sejam chamados de leite.
Bom, sobre isso, posso dizer que quando a minha avó nasceu já se consumia leite de coco e manteiga de coco, e não conheço nenhuma história de animosidade entre a indústria de laticínios e de leite de coco que tenha surgido sequer nos anos 1990.
O que assusta uma parcela significativa da indústria de alimentos de origem animal, que prefere ver o mercado de alimentos baseados em vegetais como inimigo, são as quedas nas vendas e o crescente interesse por alternativas vegetais.