Membros do Parlamento polonês estão pedindo a proibição da importação de troféus de caça de espécies ameaçadas. Este apelo coincide com a inauguração da exposição fotográfica “Still Life. #NotInMyWorld” de Britta Jaschinski, organizada pela Humane Society International (HSI) na Polônia e pelo Grupo Parlamentar para a Proteção dos Direitos Animais, a exposição visa destacar a brutal realidade da caça de troféus.
A caça de troféus é uma indústria multimilionária, com caçadores muitas vezes pagando grandes somas para a oportunidade de caçar espécies já vulneráveis ou ameaçadas, como leões, elefantes e rinocerontes. Esta prática agrava o risco de extinção e prejudica os esforços globais de proteção.
Esse tipo de prática é cruel e sádica que glorifica o assassinato de animais, transformando seres vivos em meros troféus para exibição. A objetificação de vidas selvagens em nome do status e da vaidade é um reflexo perturbador de uma mentalidade arcaica e colonialista que não tem lugar no mundo moderno, onde a proteção e o respeito pela natureza deveriam ser prioridades.
O assassinato de espécies-chave através da caça de troféus pode perturbar os ecossistemas e levar a desequilíbrios, afetando a fauna e a flora. Isso pode ter efeitos negativos a longo prazo na biodiversidade e na saúde ecológica.
As fotografias de Britta Jaschinski apresentam imagens comoventes de corpos de animais, peles, patas e cabeças, transformando indivíduos que antes viviam em troféus inanimados. Seu trabalho faz um paralelo tocante entre a objetificação de animais ameaçados e o conceito tradicional de “natureza morta”, que muitas vezes retrata objetos inanimados como troféus de caça. Esta narrativa visual convincente destaca as consequências éticas e ecológicas da caça de troféus.
“Troféus de caça são frequentemente percebidos como símbolos de status, mas representam uma visão desatualizada e colonial da natureza”, disse Iga Głażewska, diretora da HSI/Europa na Polônia. “Esta exposição desafia essa percepção e destaca o impacto severo da caça de troféus nos próprios animais, na biodiversidade e no meio ambiente.”
“Acreditamos firmemente que a Polônia deve seguir o exemplo de outros países europeus e adotar uma proibição da importação de troféus de espécies ameaçadas”, continuou Głażewska. “Diante das crises climáticas e de biodiversidade, é imperativo eliminar práticas que ameaçam a extinção de mais espécies.”
Após a abertura da exposição, com discursos de Britta Jaschinski, do Professor Rafał Kowalczyk e da Deputada Katarzyna Piekarska, o Grupo Parlamentar para a Proteção dos Direitos Animais se reuniu para discutir a necessidade de regulamentações mais rígidas para a caça de troféus.
De 2013 a 2022, a União Europeia importou troféus de caça de mais de 27 mil animais ameaçados pelo comércio e regulados pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES). Durante esse período, a Polônia sozinha importou quase 1.400 desses troféus, incluindo os de ursos-pardos, leões, ursos-negros, chitas, leopardos e rinocerontes.
Através da campanha #NotInMyWorld, a HSI está pressionando por uma mudança global nas políticas de caça de troféus. A campanha já teve sucesso em vários países. Em janeiro de 2024, a Bélgica proibiu a importação de troféus de várias espécies ameaçadas. A Finlândia implementou uma proibição semelhante em dezembro de 2022. Além disso, legislações semelhantes estão sendo consideradas na França, no Reino Unido, na Itália e na Espanha.
A exposição “Still Life. #NotInMyWorld” destaca a crueldade da caça de troféus e defende mudanças legislativas na Polônia. Proibir a importação de troféus alinharia a Polônia com outras nações que trabalham para proteger espécies ameaçadas e apoiar os esforços globais de proteção.