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AQUECIMENTO GLOBAL

Pardelas-baleares voam cada vez mais para o Norte para escapar do calor

1 de fevereiro de 2024
Filipe Pimentel Rações
2 min. de leitura
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Foto: Marcabrera | Wikimedia Commons

A pardela-balear (Puffinus mauretanicus) é a espécie de ave marinha mais ameaçada da Europa. Atualmente classificada como ‘Criticamente em Perigo’, suas populações no continente têm diminuído, principalmente devido à mortalidade causada por capturas acidentais em artes de pesca.

Elas se reproduzem nas Ilhas Baleares, no Mar Mediterrâneo, de março a inícios de julho. Entre abril e setembro, a maioria da população migra para o Norte, passando os meses mais quentes ao largo da costa atlântica de Espanha, França e Reino Unido.

No entanto, um artigo publicado na revista ‘PNAS’, com uma equipe de mais de 20 pesquisadores desses três países, revela que as pardelas-baleares estão migrando cada vez mais para o Norte ao deixarem seus locais de nidificação no Mediterrâneo. Com base em dados coletados ao longo da última década sobre os padrões de migração de aves marcadas com GPS, os cientistas estimam que, em média, essas aves estejam se deslocando 25 quilômetros para o Norte a cada ano.

Os autores acreditam que essa mudança é provocada pelo aumento da temperatura superficial do mar próximo aos locais de nidificação e indicam que as aves são capazes de se adaptar às alterações das condições ambientais, resultado das mudanças climáticas. Joe Wynn, da Universidade de Oxford e um dos principais autores do artigo, destaca que a flexibilidade que as aves mostram para se adaptarem ao rápido avanço das mudanças climáticas é encorajadora.

No entanto, essa flexibilidade pode ter um revés preocupante, pois quanto mais para o Norte as aves voarem, maior será a distância que terão que percorrer para retornar aos locais de nidificação.

A equipe descobriu que, para compensar a maior distância até as Baleares, as pardelas aumentam a velocidade do voo de retorno. No entanto, Tim Guilford, outro dos autores, explica que isso “apenas em parte compensa a distância extra, e continuam a chegar tarde ao Mediterrâneo”, ressaltando que “não sabemos ainda como tais atrasos podem afetar o sucesso reprodutivo ou a sobrevivência”.

O fato de voarem mais rápido quanto mais longe estão dos locais de nidificação sugere, segundo o artigo, que as pardelas são capazes, individualmente, de se recordar de alguma forma das rotas que percorreram anteriormente.

José Manuel Arcos, da Sociedade Espanhola de Ornitologia/Birdlife, que também assina o trabalho, aponta que, além de todas as ameaças que as pardelas-baleares enfrentam em terra e no mar, “o agravamento das mudanças climáticas representa um desafio para uma espécie que nidifica num habitat tão restrito”.

E acrescenta: “os resultados deste estudo sugerem que a flexibilidade individual poderá ajudar com mudanças na distribuição causadas pelas mudanças climáticas fora da época de reprodução, mas continua sem resposta a questão sobre que consequências as mudanças climáticas têm sobre as aves durante a nidificação, quando seus movimentos são limitados pela localização da colônia”.

Fonte: Greensavers

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