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Paraíba na rota do tráfico de animais

6 de abril de 2011
4 min. de leitura
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Só este ano, mais de 2,5 mil espécies silvestres foram apreendidas,
pouco menos que em todo ano passado

A cobiça de caçadores, atraídos pela grandiosidade da biodiversidade nacional, leva os animais silvestres a um destino menos romântico do que o retratado na vida em liberdade na fauna: o tráfico.

Nos três primeiros meses deste ano, na Paraíba, os números somam mais de 2,5 mil animais apreendidos vítimas do comércio, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A expansão do tráfico de animais silvestres no primeiro trimestre de 2011 faz com que o número se aproxime de todos os registros de 2010, quando três mil espécies foram recuperadas. Aves e répteis lideram a preferência pelo tráfico, mas também há registros de peixes, insetos, mamíferos e anfíbios contrabandeados.

Por ter uma posição estratégica, tanto para o transporte aquaviário como rodoviário, a Paraíba está fortemente inserida na rota dos traficantes. No ano passado, cerca de 10% dos animais apreendidos em todo o território nacional estavam na Paraíba. Cajazeiras, João Pessoa, Patos e Itabaiana são as principais cidades apontadas nesta rota. “A BR-230 vai até o Amazonas e isso facilita o esquema. A rota pelo mar também insere a Paraíba como ponto estratégico pela sua localização, sobretudo favorecendo o comércio internacional”, declara Marco Vidal, chefe do setor de Proteção Ambiental (fiscalização) do Ibama.

A maior parte dos animais apreendidos tinha como destino as feiras livres. Eles são transportados de modo irregular e muitos deles não sobrevivem às más condições do trajeto. Filhotes são retirados das matas, atravessam as fronteiras escondidos nas bagagens de contrabandistas para serem vendidos como mercadoria. Filhotes são retirados das matas, atravessam as fronteiras escondidos nas bagagens de contrabandistas para serem vendidos como mercadoria. “Há muitos casos em que o tráfico já nasce na Paraíba, em um sítio, onde são criados esses animais. Há também muitos casos de receptação, que conta com a conivência de caminhoneiros e possivelmente de motoristas rodoviários”, esclarece Marco Vidal.

Os animais que nascem na Paraíba ou passam pelo Estado têm como principal destino o aeroporto de Recife, para rotas internacionais, e Estados do Sudeste, principalmente São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Os tucanos e araras são os mais contrabandeados, mas animais em extinção também são cobiçados, sobretudo pelo alto valor no mercado. Para adquirir qualquer um desses animais, o Ibama aconselha a procura de vendedores que possuam licença ambiental para tal comércio. Na Paraíba eles se concentram em Campina Grande e João Pessoa. As penalidades para a prática do tráfico estão previstas na Leis de Crimes Ambientais e variam de multa de R$500 a R$5 mil – dependendo da espécie e quantidade -, mas pode chegar à pena de reclusão por até oito anos.

Seja com os criadores ou receptadores, o panorama do tráfico tem crescido no Estado e o Ibama intensifica a fiscalização. Parcerias com Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Militar, Polícia Civil e PolíciaFederal. O número insuficiente de agentes do Ibama também é uma entrave no combate ao tráfico. São apenas 30 deles para a realização do trabalho em toda a Paraíba. Marco Vidal estima que a maior parte das apreensões seja resultado de denúncias. “Há muita gente que não concorda com essa prática e denuncia, mas também temos nosso serviço de inteligência”, ressaltou. Em casos de flagrante, a orientação do Ibama é que a população acione o órgão através da Linha Verde no telefone 0800618080.

Espécies passam por adaptação

Os cerca de 2,5 mil animais que foram apreendidos na Paraíba, neste ano, foram encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Ibama, na BR-230 à altura de Cabedelo. Segundo Darsila Cavalcanti, analista ambiental do Cetas, lá eles passam por uma reabilitação, sendo medicados e vermifugados. Após período de observação, esses animais podem voltar à natureza ou aos seus Estados.

O destino dos animais apreendidos, desde que não estejam na lista oficial das espécies ameaçadas de extinção, é preferencialmente, zoológicos, criadouros registrados no Ibama, e centros de pesquisa. Solturas são, sempre que possível, vinculadas a programas específicos de manejo para as diferentes espécies. Animais ameaçados de extinção são tratados de maneira especial, caso a caso, seguindo recomendações de comitês internacionais, quando existentes.

O trabalho de recepcionar e triar animais implica em registrar a entrada de cada indivíduo; identificando qual é a espécie e o sexo (quando possível), buscando o máximo de informações quanto ao local em que foi capturado e o tempo de cativeiro; verificando qual é o habitat da espécie; e alojando os animais em local adequado para receberem o devido tratamento.

Fonte: Jornal O Norte

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