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PANDORA

Gol interrompe buscas por cadelinha que fugiu do aeroporto de Guarulhos (SP)

22 de dezembro de 2021
Vanessa Santos | Redação ANDA
5 min. de leitura
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Foto: Arquivo pessoal

O tutor da cadelinha Pandora, Reinaldo Junior, está há seis dias na cidade de Guarulhos, Grande São Paulo, procurando sua cachorra. O animal desapareceu na quarta-feira (15) durante uma conexão no Aeroporto Internacional, ela viajava com seu guardião de Recife (PE) para Navegantes (SC), e era transportada pela companhia área Gol.

“Ou alguém abriu a portinha para poder brincar com ela, ou alguma outra coisa, limpar a casinha, não sei. Mas eu sei que a caixa é bem resistente. É a caixa que a Gol exige, que é a que eu comprei, padrão que eles pediram. Não tem condições de ela sair de dentro sozinha”, conta Reinaldo com indignação.

A Gol informou que o animal arrebentou a porta da casinha e saiu correndo em direção ao terminal de cargas, versão que não foi esclarecida pela companhia. A empresa havia contratado uma equipe especializada para ajudar nas buscas por Pandora, mas informou nesta quarta-feira (22) que não está mais realizando a investigação por conta das chuvas que apagaram os rastros da cachorra.

Reinaldo está em um hotel de Guarulhos que é pago pela companhia, eles estão custeando o serviço de táxi para que o tutor de Pandora consiga realizar as buscas.

Desde o ocorrido, o guardião vem distribuindo cartazes no entorno do aeroporto na esperança de encontrar a cachorra. “Ela é minha filha. Ela dorme onde eu durmo, come o que eu como, passeia onde eu passeio. Ela não dorme só”, desabafou.

Para o advogado Leandro Petraglia, o trâmite de embarque de animais varia entre as empresas, o que pode causar erros. “Infelizmente, hoje, o transporte aéreo de animais ainda não tem uma regulamentação forte. A própria Agência Nacional de Aviação Civil deixa em aberto para as companhias regulamentarem. Com isso, cada companhia aérea tem o seu trâmite. Às vezes, quando você entrega o seu animal para o transporte aéreo, ele não vai diretamente à aeronave”, explicou o advogado.

“Nós nos dirigimos ao portão de embarque, entramos na aeronave e vamos viajar. O cachorro passa por uma série de trânsitos internos: às vezes, fica locado numa sala duas, três horas antes do voo e, depois, vai para a aeronave. Nesse caminho, entre o cachorro ser entregue ao check-in, ir pelas esteiras até o local, ficar no local provisório, vai pra uma sala pet, depois vai pra aeronave. Cada ponto desse, de manejo, em que o cachorro fica sem supervisão, pode acontecer alguma ocorrência e até fuga”, completa Leandro.

Desamparo

Neste ano, outros dois casos envolvendo o transporte de animais em voos domésticos com embarque ou desembarque em Guarulhos tiveram um desfecho comovente.

No mês de setembro, Zion, um filhote de golden retriever, morreu depois de um voo entre São Paulo e o Rio de Janeiro. Segundo a tutora, o voo em que o cachorro foi transportado chegou ao Aeroporto do Galeão, no Rio, às 13h50. Mas o cachorrinho só foi entregue a ela duas horas depois, fraco e abatido. Em seguida, o cãozinho morreu.

Foto: Reprodução | Redes sociais

A Latam, responsável pelo transporte do animal informou em nota que todos os procedimentos de segurança e acomodamento foram realizados rigorosamente, atendendo os regulamentos nacionais.

Em outubro, Weiser, um cachorro da raça american bully, também embarcou em um voo da Latam em Guarulhos com destino a Aracaju (SE). O animal de 4 anos, chegou ao seu destino final já sem vida.

Neste caso a empresa aérea realizou um laudo veterinário que apontou a causa da morte por asfixia, que pode ter sido provocada após Weiser roer a caixa de transporte.

Foto: Arquivo pessoal

Na véspera do Natal de 2019, David Póvoa Canuto embarcou no aeroporto de Guarulhos pela empresa área Gol com seu cãozinho Tom para passar o feriado com a família em Vitória. Ao aterrissar, o tutor recebeu a informação de que Tom havia morrido durante o voo. Houve um atraso, e a aeronave com os passageiros em seu interior e Tom no porão, teve que aguardar no pátio. Nesse meio tempo, a empresa não abriu o porão e ainda desligou a refrigeração do bagageiro.

Foto: Reprodução | Instagram

Por se tratarem de animais domésticos, apesar da repercussão, os casos não foram levados adiante, porém é de se observar que essas ocorrências compartilham entre si um detalhe em comum, a negligência para com essas vidas. A falta de uma regulamentação clara para o manejo de animais nos aeroportos do Brasil, abre frestas para que as companhias possam decidir a maneira que melhor se adequa a sua operação, e é nessas brechas que o pior pode acontecer.

Quem tiver informações sobre o paradeiro da cachorra Pandora, pode entrar em contato com o tutor Reinaldo através dos telefones: (81) 99241-1983 e (81) 99611-8997.

Nota da Redação: a ANDA repudia o fato de a companhia aérea se isentar da sua responsabilidade pela cadelinha e deixar o tutor do animal, que também foi vítima do descaso da empresa, a frente das buscas pelo animal. Em 2011, a ANDA noticiou o caso do cãozinho Pinpoo, que fugiu durante o embarque de um voo no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre. Pinpoo ficou 14 dias desaparecido, sendo encontrado pela polícia e entregue a sua responsável. Na ocasião, o animal também era transportado pela companhia aérea Gol. É  negligente e inaceitável que companhias áreas continuem transportando animais no setor de carga como se fossem objetos. Esperamos que todas as companhias áreas se conscientizem sobre o bem-estar animal e proibiam definitivamente essa prática.

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