Estações de metrô estão sendo transformadas em abrigos antibombas em diversas cidades ucranianas que estão sob a mira de ataques russos. Muitas pessoas que não conseguiram deixar o país estão se abrigando nesses locais na companhia dos seus animais. Muitos cães e gatos também foram deixados em abrigos por tutores que conseguiram atravessar a fronteira.
Refugiados que estão chegando a diversos países da União Europeia deixaram seus cães e gatos sozinhos no país que está sendo bombardeado, como Olga Pavlusik, que cruzou a fronteira acompanhada do seu namorado, Gohdan Begey, e confessou ter abandonado seu cachorro, deixando-o na casa que moravam no oeste da Ucrânia, sem saber se ele receberá cuidados ou ficará em segurança.
Todos que deixaram o país levaram apenas bagagens. Há muitas crianças, mas nenhum animal. O mesmo cenário ocorreu em 2015, poucos meses após o início do conflito russo-ucraniano. Centenas de pessoas deixaram a região dos conflitos e abandonaram os seus animais. Voluntários e ativistas se arriscaram para proteger e resgatar cães e gatos que vagavam famintos, feridos e assustados em meio aos escombros das casas onde viviam com os seus tutores.
A ativista Alyona Havryushyna acolheu dezenas de animais abandonados em seu pequeno apartamento desde o início dos confrontos. “Eu os levei porque sabia que era isso que precisava ser feito. Os animais não são os culpados. Nós somos os culpados, tanto pelos nossos problemas quanto pelos deles. Alguém tem que assumir a responsabilidade. Precisamos ajudá-los. Como pode ser de outra forma?”, disse em entrevista à Radio Free Europe.
A protetora Olena Tymoshenko salvou gatos, cachorros e até mesmo uma tartaruga. Ela mantém uma boa relação com os soldados ucranianos, para que eles a avisem se encontrarem animais em situação de vulnerabilidade. “Crianças e animais – eles são os primeiros a sofrer. Eles não conseguem entender por que seu mundo mudou de repente, por que eles foram deixados para trás”, explica ela, que usa uma correte de amigos e familiares para conseguir adotantes para os animais.
Ela também critica todos que partem e abandonam seus animais. “Por que essas pessoas não levam seus animais de domésticos? Eu não sei. Você leva um cobertor, um saco de batatas, uma frigideira, seus filhos… leva seu cachorro! É seu amigo, é aquele que nunca o abandonaria. Mas eu tento não culpar essas pessoas, há casos e casos. Você nunca sabe quais eram as circunstâncias delas no momento da fuga”, refletiu a protetora
A voluntária Natalia Mykhaylova, que não é vinculada a nenhuma organização, cedeu sua casa como abrigo temporário para um cãozinho sem lar. “Ele é grande e muito bonito. Nós o alimentamos e ele está engordando. Seus tutores o trouxeram aqui e depois o entregaram, dizendo que não tinham como cuidar dele. Claro, ele estava terrivelmente magro e assustado. Agora ele é muito bonito, apenas um cachorro de ótima aparência”, contou.
Milhares de animais foram abandonados na zona de guerra desde 2014, deixados à própria sorte contra o clima de inverno e o combate armado. “Eles estavam com medo e famintos quando chegaram aqui. Eles comiam constantemente e nunca pareciam ficar cheios. Mas agora eles se acostumaram com a nova situação e se comportam como animais domésticos comuns. Eles são até exigentes com a comida”, finaliza Havryushyna.
Nota da Redação: esperamos que agora, em 2022, diante da maior compreensão mundial pela defesa dos direitos animais, cenas como as retratadas no passado diante da guerra russo-ucraniana não voltem a se repetir. Assim como as crianças, os animais também são indefesos e fazem parte da família. Não ignorem o sofrimento dos mais vulneráveis.