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CRUELDADE

Pará é o estado que mais exportou bois vivos na última década

Além de ser líder em exportação de gado vivo, a prática da indústria bovina no Pará também lidera, consequentemente, o desmatamento no Brasil. São Felix do Xingu e Altamira são as duas cidades em que a indústria mais ‘empreendeu’, com um rebanho de 2,4 de bovinos

24 de outubro de 2021
Felipe Cunha | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Reprodução | Globo Rural

O governo brasileiro não possui uma lei federal que coíbe a exportação de bois vivos, sendo, portanto, conivente com a prática da crueldade contra os animais através da exportação para outros países. Lá, eles serão cruelmente mortos para o consumo humano.

Segundo a Mercy for Animals (MFA), os bois são levados vivos por via marítima para países do Oriente Médio e Norte da África em navios nada apropriados para o tráfego animal, os sujeitando em espaços minúsculos, condições insalubres e “trituração”  dos animais que não resistem à longas viagens.

Na última década, o Pará foi o estado que mais ganhou evidência neste tipo de atividade – responsável por cerca de 83% das exportações. Em seguida estão o Rio Grande do Sul (8,8%) e São Paulo (5%).

Além de ser líder em exportação de bois vivos, a pecuária no Pará também lidera, consequentemente, o desmatamento no Brasil. São Felix do Xingu e Altamira são as duas cidades em que a indústria mais ‘empreendeu’ predatoriamente, com um rebanho de 2,4 de bovinos.

Segundo o Portal Vegazeta, com base em informações da Associação Brasileira dos Exportadores de Gado (Abeg), um episódio trágico evidenciou como essa prática vai contra o bem-estar animal, além de gerar grande impacto ambiental.

Em outubro de 2015, cinco mil animais morreram quando o navio Haidar, de bandeira libanesa, tombou no porto da Vila do Conde, situado em Barcarena (PA). Os danos ambientais custaram ao Governo Federal cerca de 45 milhões – e também ao bolso do contribuinte – e ninguém foi responsabilizado por esse holocausto animal e ambiental.

Lincoln Bueno, presidente da Abeg, tem alegado que a oposição à exportação de animais vivos “tem interesses comerciais” e desconsidera laudos técnicos que já culminaram na proibição da prática no Porto de Santos por meio de lei municipal.

Lincoln também parece ignorar os movimentos em defesa animal e ambiental e usa seu discurso em prol da dissimulação que beneficia aos interesses econômicos de seus associados.

Animal não é mercadoria, mas é tratado como se fosse

Em outubro de 2015, cinco mil bois morreram quando o navio Haidar, de bandeira libanesa, tombou no porto da Vila do Conde, em Barcarena, no Pará | Foto: Guilherme Mendes/TV Liberal

Como achar o empreendimento da indústria animal aceitável ao submetê-los, neste caso específico os bois, a péssimas condições de transporte – como se fossem meras mercadorias – a uma viagem de navio que dura cerca de um mês para serem cruelmente mortos?

O objetivo da exportação animal é exclusivamente pelo retorno econômico aos grandes criadores de animais, como o caso da Minerva, uma das principais exportadoras de animais do país e que foi responsável pela exportação que resultou na tragédia dos cinco mil animais em Barcarena (PA), não trazendo benefício para a população local e muito menos para os animais e ao meio-ambiente.

A Minerva também foi denunciada em junho de 2020, com base em um relatório do Greenpeace, que relatou a compra de bois criados em áreas que foram ilegalmente desmatadas na Amazônia.

Mesmo diante dessa criminosa prática, o governo atual ampliou parcerias para a exportação de animais para mais países.

Segundo a publicação do Vegazeta, de 2019 para cá, foram firmados novos acordos com Egito, Turquia, Jordânica, Iraque, Líbano, Irã e Vietnã. A ministra Tereza Cristina destacou em entrevista que o Brasil tem os países árabes “um bom destino para gado em pé”.

As empresas Minerva, Agroexport Tranding e Agronegócios, Mercúlio Alimentos e Wellard do Brasil, somam 81,4% das exportações de bois vivos no Brasil, segundo a Mercy For Animals (MFA).

 

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