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LANÇAMENTO EM 2026

Para dar fim à exploração animal, pesquisadores investem no cultivo de leite integral de vacas a partir de células

27 de fevereiro de 2025
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Pela primeira vez no mundo, uma startup sediada em Boston, nos Estados Unidos, desenvolveu um leite integral produzido a partir de culturas de células de mamíferos, com planos de lançamento experimental já em 2026. Batizado de UnReal Milk, o produto foi criado pela Brown Foods e é considerado molecularmente idêntico ao leite de vaca tradicional. O leite está passando por testes independentes no Whitehead Institute for Biomedical Research, que confirmaram a presença das mesmas proteínas, gorduras e carboidratos encontrados no leite convencional.

A inovação promete revolucionar a indústria de laticínios, já que o UnReal Milk pode ser transformado em outros derivados, como queijo e iogurte, da mesma forma que o leite de vaca. O Dr. Richard Braatz, professor de Engenharia Química no MIT e membro do Conselho Consultivo Científico da Brown Foods, destacou à Forbes que a tecnologia por trás do produto é altamente escalável.

“O que torna essa inovação notável é sua capacidade de ser ampliada para atender à demanda global, ao mesmo tempo em que oferece uma solução sustentável e eficiente em termos de recursos”, explicou Braatz. Ele acrescentou que a produção em larga escala pode ser realizada usando sistemas de biorreatores, o que permitiria volumes massivos de leite cultivado para consumo humano.

Avanços no mercado de alimentos cultivados

Enquanto a carne cultivada já começa a ganhar espaço em mercados como Hong Kong, Cingapura e, mais recentemente, nos EUA e no Reino Unido, os laticínios cultivados ainda enfrentam barreiras regulatórias. O UnReal Milk pode ser o primeiro produto do tipo a superar esses desafios e chegar ao mercado, abrindo caminho para uma nova era na produção de alimentos.

Por que leite cultivado?

A produção convencional de laticínios é amplamente criticada por seu impacto ambiental e pelo sofrimento animal. A Brown Foods afirma que o UnReal Milk oferece uma alternativa livre de crueldade e com uma pegada de carbono significativamente menor. De acordo com a empresa, o leite cultivado emite 82% menos gases de efeito estufa, utiliza 90% menos água e 95% menos terra em comparação com os laticínios tradicionais.

Além disso, a startup aborda diretamente o problema ético da separação de bezerros de suas mães na indústria leiteira. Em uma campanha no site da UnReal Milk, desenhos animados mostram bezerros chorando por suas mães enquanto pessoas consomem o leite destinado a eles. Em outro cenário, os animais são retratados felizes e juntos, simbolizando um futuro onde o leite cultivado elimina a necessidade de explorar vacas e seus filhotes.

Impacto ambiental dos laticínios convencionais

A indústria de laticínios tem uma pegada ambiental significativa. A agricultura animal é responsável por cerca de um terço de todas as emissões antropogênicas de metano, com as vacas sendo a maior fonte. Uma análise recente mostrou que as emissões da Dairy Farmers of America equivalem a todas as emissões de metano do Reino Unido provenientes da agricultura animal.

Em comparação com alternativas à base de plantas, os laticínios exigem dez vezes mais terra e entre duas e vinte vezes mais água doce. Recentemente, fazendas leiteiras nos EUA também foram afetadas pela gripe aviária, com casos confirmados de transmissão de vacas para humanos, aumentando as preocupações com a segurança e a sustentabilidade da produção tradicional.

O futuro dos laticínios

Com o UnReal Milk, a Brown Foods espera oferecer uma solução viável para os desafios éticos e ambientais da indústria de laticínios. O produto não apenas promete reduzir o impacto no planeta, mas também eliminar o sofrimento animal associado à produção convencional. Se aprovado e bem-sucedido, o leite cultivado pode se tornar uma alternativa acessível e sustentável, marcando um novo capítulo na alimentação global.

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