33 papagaios-de-peito-roxo foram soltos no Parque Nacional das Araucárias (SC), no mês de junho. A iniciativa faz parte do projeto de reintrodução da espécie na Unidade de Conservação (UC), desenvolvido pelo Instituto Espaço Silvestre com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), prefeituras locais, moradores, órgãos públicos, empresas, voluntários e outras instituições ambientalistas.
Desde 2010, três grupos de papagaios-de-peito-roxo vítimas de ações humanas passaram por processo de reabilitação realizado pelo Instituto Espaço Silvestre, em sua sede localizada em Itajaí (SC), e ambientação na própria área de soltura, no interior do Parque, em Passos Maia. Aves saudáveis foram soltas, totalizando 76 indivíduos em três solturas. Além daqueles reintroduzidos no último mês, 13 foram soltos em janeiro de 2011 e 30, em setembro de 2012.
Realizado censo nacional e mundial do papagaio-de-peito-roxo
Segundo Juliano Rodrigues Oliveira, chefe do Parque Nacional, para reduzir as ameaças às aves soltas e aumentar as chances de estabelecimento de uma população viável em longo prazo, a comunidade local foi engajada na conservação da espécie. “A estratégia inclui a soltura de aves, participação dos residentes no monitoramento das mesmas e diversas atividades de educação ambiental e geração de renda para a comunidade local”, explicou Juliano.
Para monitorar os indivíduos, foram colocadas anilhas metálicas cedidas pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), instrumento que facilita a identificação e o monitoramento da espécie na natureza. Além disso, as aves também receberam radiocolares e microchips.
“Além de reintroduzir uma espécie extinta, o trabalho é importante para o ecossistema da região, pois os papagaios podem ajudar na disseminação de sementes como o pinhão, que é uma das principais fontes de alimento da fauna local no outono e inverno. Eles também comem folhas, flores, frutos e outras sementes, além de ajudar na manutenção de seus predadores naturais”, afirmou Patrícia Serafini, analista ambiental do Cemave.
Os papagaios são monitorados mensalmente pela equipe do Instituto Espaço Silvestre por meio de registros visuais e auditivos, além da radiotelemetria. Residentes das comunidades próximas ao Parque auxiliam diariamente no monitoramento por meio do programa cidadão cientista, pelo qual moradores treinados recebem certificados e coletam dados das aves soltas. “Existem registros de pareamento, reprodução, formação e deslocamento de bandos na época de pinhão, como esperado para a espécie”, explicou a Dr. Vanessa Kanaan, coordenadora do projeto e diretora técnica do Instituto Espaço Silvestre.
Outra ação estabelecida foi a criação da Rede de Proteção ao Papagaio-de-peito-roxo, que apoia a fiscalização da área da UC e entorno. O grupo inclui representantes das polícias Militar e Civil, ICMBio, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ministério Público, poderes Executivo e Legislativo municipais e profissionais da área de educação.
Sobre a espécie
O papagaio-de-peito-roxo foi considerado extinto em várias áreas de sua distribuição original, incluindo Passos Maia e Ponte Serrada, municípios catarinenses que integram o Parque Nacional das Araucárias. O Amazona vinacea vive em grupos e se alimenta de frutos, flores, folhas e sementes. A espécie ocorre do sul da Bahia ao Rio Grande do Sul, leste do Paraguai e norte da Argentina. Devido a ameaças, como o desmatamento e a retirada ilegal de animais da natureza, a espécie está ameaçada no Brasil e no mundo. Atualmente a população mundial está estimada em 3 mil indivíduos.
Sobre o Parque Nacional das Araucárias
A UC, criada em 2005, possui uma área de 12.841 hectares com um dos maiores remanescentes de Floresta Ombrófila Mista (Mata de Araucárias), no qual o projeto de reintrodução da espécie foi implementado conforme previsto no Plano de Manejo da Unidade. Agora, o avistamento da espécie será um dos atrativos oferecidos pelo Parque, que pretende iniciar as atividades de uso público em outubro de 2015, quando completa 10 anos de criação.
Fonte: ICMBio