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QUARENTENA

Pandemia facilitou circulação de animais selvagens e trouxe paz à natureza

9 de junho de 2022
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

Na tarde de segunda-feira (7), um estudante da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) foi picado por uma cobra em um ambiente de mata no setor Norte da instituição. Apesar da cobra não ser venenosa, este é o segundo caso registrado em seis meses na universidade. O estudante foi atendido pela Fundação de Medicina Tropical (FMT-HVD) e foi liberado ainda na última segunda.

Em entrevista à A CRÍTICA, pesquisadores da Ufam afirmam que a pandemia de coronavírus facilitou a circulação de animais selvagens no ambiente acadêmico. De acordo com o biólogo Igor Kaefer, a restrição de atividades presenciais durante estes dois anos fez com as serpentes ocupassem os lugares antes frequentados por estudantes, por exemplo.

“É muito provável que a restrição das atividades no campo durante a pandemia permitiu que esses animais, em especial as serpentes, aumentassem suas áreas de vida, ocupando espaços que normalmente não ocupavam por conta da presença de humanos”, afirmou o biólogo.

Entretanto, Kaefer destaca que um dos fatores que pode ter causado o aumento de circulação de animais como as serpentes, foi a “supressão” da área florestal devido a expansão de obras no entorno da universidade.

“No entanto é importante considerar que a Ufam passou recentemente por processos de supressão de áreas florestais de construção de prédios e estacionamentos. É possível que esses animais que ocupavam essas áreas, estão se deslocando à procura de habitats para sobreviver”, acrescentou Kaefer.

Monitoramento de espécies

O biólogo Ronis Da Silveira, professor titular do departamento de Biologia da Ufam, informou que antes da pandemia estava sendo realizado um monitoramento de espécies que vivem na área de preservação em que a universidade está inserida.

“É difícil traçar um paralelo com a pandemia porque nos falta um monitoramento robusto de antes desse período. Apesar de nós [pesquisadores] já estarmos coletando dados nesse sentido. Ainda era um esforço inicial. Mas, com certeza, menos pessoas, diminui a mortalidade de serpentes porque o pessoal tende a matar. Não que isso ocorra na universidade, mas, isso é um padrão que se espera”, pontuou o professor.

Da Silveira está na coordenação do projeto Multiufam – Ambiental, que dentre suas atividades, realiza um mapeamento de onde estão localizadas as mais diversas espécies de animais selvagens. O projeto envolve professores, estudantes e outros colaboradores da instituição.

“[Buscamos] fazer um mapeamento onde estão essas ocorrências. Porque são áreas de dispersão dos filhotes, tem um adulto por ali, uma mãe geralmente que tem que ser remanejada. Elas são muito difíceis de identificar. O que se vê geralmente são filhotes pequenos. O campus está inserido dentro de uma matriz florestal onde a espécie naturalmente transita na nossa infraestrutura”, explicou Da Silveira.

Cuidado redobrado

Com o aumento da circulação de animais selvagens, como serpentes, Igor Kaefer orienta aos estudantes, professores e demais frequentadores da universidade que tomem cuidados redobrados ao transitarem em ambientes de mata, por exemplo.

“No geral as instruções para que se evitem ataques de serpentes são sempre as mesmas: atenção redobrada, olhar sempre para o chão; evitar andar em área de mata, especialmente com pé descoberto. O uso de sapatos fechados ajuda muito também”, orientou.

“É importante salientar que grande parte das espécies de serpentes e cobras que vivem no entorno da Ufam, não são peçonhentas [venenosas]. Mas, a jararaca, que é uma espécie bastante encontrada aqui no campus, oferece riscos à saúde. É importante estar atento”, acrescentou,

Igor Kaefer ressalta que não é recomendado mexer nos animais encontrados em áreas florestais. “Quando o animal foi avistado em área de mata, recomenda-se que deixe seu animal em seu habitat, pois a Ufam faz parte de uma área de preservação. Temos muito orgulho de ter uma floresta em meio a cidade que faz parte de um corredor ecológico”, destacou.

Caso animais sejam encontrados em ambientes frequentados por pessoas, como foi o recente caso, a orientação é comunicar o setor de Zoologia, do departamento de Biologia, localizado no Instituto de Ciências Biológicas (ICB-01).

Fonte: A Crítica

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