A pandemia de coronavírus levou a um aumento no consumo de carne de cachorro na Indonésia, o que fez crescer o sofrimento imposto a esses animais.
Quem conhece de perto a sofrida realidade dos cães no país é a médica Susana Somali. Comovida com a situação, ela resgata cachorros que seriam mortos para consumo em Jakarta, capital da Indonésia.
Segundo ela, o número de cães vendidos a matadouros aumentou desde que a pandemia começou. “A Covid-19 complicou a situação dos cães. Normalmente, em uma semana, há dez ou vinte cachorros que precisam ser salvos. Agora, são pelo menos vinte por dia”, contou Susana em entrevista à agência de notícias RFI.
“Muitas pessoas abandonam seus cães porque a situação econômica está se tornando muito difícil aqui. Sem trabalho, elas não têm como alimentar seus animais de companhia. Então o mercado da carne de cachorro cresceu, porque hoje é mais vantajoso vender seu cachorro para um açougueiro”, explicou.
Os resgates realizados pela médica contam com a ajuda essencial de informantes, que ligam para Susana quando ouvem latidos dentro de matadouros. Ela, então, negocia o resgate, normalmente em troca de alguma quantia em dinheiro.
Outra questão que perpetua o sofrimento desses animais é a crendice popular. Muitas pessoas acreditam que a carne de cachorro tenha poder medicinal, embora isso seja apenas um achismo sem qualquer respaldo científico.
“Muitos acham que ela é um remédio contra infecções, doenças de pele ou a dengue”, contou.
Além disso, o consumo de carne de cachorro não é proibido na Indonésia e o Islã não o considera um pecado, o que serve de incentivo à matança desses animais. Em restaurantes de Jakarta, o produto é vendido livremente.