A morte de Roxie, um filhote de panda-vermelho de apenas três meses, no Zoológico de Edimburgo, foi atribuída ao estresse causado pelos fogos de artifício na Noite da Fogueira. A Royal Zoological Society of Scotland (RZSS), que administra o zoológico, comunicou que o intenso barulho dos fogos provavelmente gerou um nível de estresse fatal para Roxie, que, mesmo tendo acesso à sua toca, não conseguiu se proteger dos ruídos ensurdecedores.
Ben Supple, vice-presidente da RZSS, afirmou que “fogos de chamariz causam estresse a outros animais do zoológico” e que, embora não comprovado, o barulho também pode ter contribuído para a morte prematura de Ginger, mãe de Roxie, ocorrida cinco dias antes.
A morte de Roxie reacende uma crítica sobre a existência de zoológicos, amplamente criticada por grupos de defesa dos direitos animais. A ONG Freedom For Animals considera a tragédia mais uma prova do impacto negativo do cativeiro, apontando que os zoológicos forçam os animais a viver em ambientes artificiais, provocados a induzir o estresse. Para esses ativistas, o confinamento e a proximidade com áreas urbanas deixam os animais vulneráveis a fatores externos, como os fogos de artifício, que os expõem a riscos evitáveis.
A preocupação com os fogos de artifício vai além dos zoológicos. No Reino Unido, o uso desses artistas passou por eventos variados, para além das celebrações tradicionais, como Ano Novo e Diwali, sendo comuns em datas convocadas e horários irregulares. Esse aumento tem afetado não só animais, mas também pessoas sensíveis, como crianças, idosos, autistas e indivíduos com TEPT.
Julie Doorne, fundadora da Campanha de Fogos de Artifício, luta há mais de uma década por regulamentações mais rigorosas. Recentemente, apresentou uma petição com mais de um milhão de assinaturas ao governo britânico, solicitando a redução dos níveis máximos de decibéis e a obrigatoriedade de licenças para todas as vendas de fogos. Outra petição, apoiada por cerca de 50 mil pessoas, exige o fim das vendas de fogos sem licença, ressaltando o uso indevido e os riscos associados, incluindo tragédias como a morte de Josephine Smith em um incêndio causado por incêndios em 2021.
Doorne destaca a falta de ação das autoridades: “Há quem desconheça o sofrimento causado e quem sabe, mas escolhe ignorar. Os parlamentares estão cientes dos resultados, mas ainda se mostram relutantes em agir.”
Nota da Redação: a morte do filhote de panda-vermelho Roxie no Zoológico de Edimburgo levanta questões urgentes e desconfortáveis sobre o aprisionamento de animais em zoológicos. Roxie, ainda filhote, não resistiu ao estresse dos fogos de artifício, ruídos intensos e aterrorizantes que ela não tinha como entender ou evitar, confinada em um ambiente do qual jamais poderia escapar. Essa tragédia não é um evento isolado, mas parte de uma realidade sombria que os zoológicos insistem em ignorar: esses lugares, projetados para entreter humanos, condenam animais a uma vida artificial, repleta de pressões e perigos desnecessários.
Os zoos vendem a ideia de serem espaços de preservação e educação, mas como um ambiente limitado e enclausurado poderia de fato proteger e educar sobre a natureza? A realidade é que, para animais como Roxie, o zoológico representa o oposto de um refúgio seguro. Em cativeiro, esses seres enfrentam estresses induzidos que levam à ansiedade crônica e, em muitos casos, a óbitos prematuros. O caso de Roxie e sua mãe, Ginger, que também morreu poucos dias antes, evidencia a artificialidade e a negligência de tais ambientes.
A falta de escolha e a falta de controle sobre suas vidas marcam o cotidiano desses animais, que, como Roxie, não podem buscar abrigo adequado, escapar de ameaças, viver e agir conforme seus instintos. A justificativa dos zoológicos como centros de conservação não resiste à realidade de que a maioria desses animais jamais será reintroduzida em seus habitats, sendo condenada a viver, e morrer, em cativeiro.
Para além das justificativas empresariais e comerciais, é imperativo que enxerguemos a manutenção desses espaços como uma prática desatualizada, cruel e insustentável. A verdadeira conservação e educação se encontra na proteção dos habitats, em ações de preservação in situ e na promoção de santuários que respeitam o espaço e a dignidade animal. Zoológicos, que insistem em expor animais ao sofrimento, são, em última análise, uma afronta à própria ideia de respeito e empatia.
O que a morte de Roxie nos ensina é que, enquanto houver zoológicos, haverá sofrimento, e tragédias como essa continuarão a acontecer.