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Palestinos e judeus marcham juntos pelos direitos animais e pelo veganismo

2 de agosto de 2015
5 min. de leitura
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por Augusta Scheer (da Redação)

Foto: Omer Shalev
Foto: Omer Shalev

Na sexta-feira, 24 de julho, mais de mil defensores de animais se reuniram numa marcha pelo veganismo na cidade de Haifa, em Israel, segundo informações do site The Vegan Woman. Sob um lema de união em prol dos direitos animais, entidades judias e palestinas organizaram o protesto, sinalizando um momento de colaboração entre as duas comunidades no norte de Israel.
Ao longo dos últimos anos, palestinos e judeus vêm trabalhando juntos para promover o veganismo na região. A marcha do dia 24 contou com 2500 pessoas confirmadas nas redes sociais e teve como objetivo conscientizar o público acerca do sofrimento dos animais que vivem confinados em fazendas, motivando o estilo de vida vegano no norte de Israel ao unir as duas comunidades nesse evento de grande escala, que só pôde acontecer devido à colaboração mútua entre as duas congregações.
Foto: Amit Zinman Photography
Foto: Amit Zinman Photography

O site The Vegan Woman teve a oportunidade de entrevistar alguns dos organizadores do evento. Sharbel Balloutine é ativista vegano, escritor e fundador da organização defensora de animais The Vegan Human, majoritariamente árabe. Solhei Hillel também é ativista e ex-líder na entidade The Vegan North. Os dois comentaram sobre a colaboração árabe-israelense em prol dos direitos animais.
The Vegan Woman: Parabéns aos dois pelo evento. Tenho certeza de que essa colaboração servirá de inspiração para outras pessoas ao redor do mundo, renovando nossas esperanças, tanto pelo veganismo, quanto por futuras colaborações pacíficas. Vocês podem nos contar algumas informações sobre a cooperação árabe-israelense que possibilitou essa marcha de sexta-feira?
Shlomi: O ativismo vegano vem sendo desenvolvido no norte de Israel há mais de dez anos. No começo, era mais centrado no envolvimento com o grande público, por exemplo, através da distribuição de folhetos e de estandes de informações. Em 2012, formamos um grupo chamado The Vegan North e, com a ajuda das redes sociais, ficou mais fácil organizar eventos e dialogar com novos ativistas. Nosso ativismo passou a incluir atos e demonstrações, além de atividades sociais.
Somando-se às nossas atividades, um grande grupo árabe de defensores de animais começou a operar no norte de Israel, sob a liderança inspiradora de Sharbel. Esse grupo é conhecido hoje como The Vegan Human e desde o princípio, formamos uma colaboração próxima entre os dois grupos, que incluiu demonstrações conjuntas em cidades árabes e judias. Formamos amizades próximas entre ativistas das duas comunidades, algumas das quais levaram à marcha que aconteceu no dia 24, dentre outras cooperações.
Foto: Oria Cohen
Foto: Oria Cohen

VW: Vocês acham que as diferenças entre religiões, culturas e divergências políticas causam tensões no âmbito do seu ativismo? Se sim, como lidar com essas tensões, e qual é a mensagem que vocês estão tentando passar?
Sharbel: Na verdade, vivemos poucas tensões nas nossas atividades conjuntas e, quando essas tensões surgem, tentamos sempre nos lembrar do quão importante é a nossa união, e de que devemos nos concentrar em ajudar os seres mais explorados do nosso planeta: os animais.
A marcha que organizamos no dia 24 foi um grande exemplo disso. Judeus e árabes se unindo para afirmar que as vidas de todos os homens e mulheres são iguais, e que o valor de cada vida é inestimável. O valor da vida de cada vaca é inestimável, de cada porco, de cada ser vivo cujo sangue corre nas veias, de cada ser vivo que tem a capacidade de respirar, de sofrer e de amar. Nosso objetivo é mudar a percepção distorcida das pessoas de que um ser senciente vale mais do que outro. Queremos mudar a percepção de que, só porque um ser é mais fraco, tudo bem explorá-lo.
Pode ser que as pessoas resistam a essa mensagem, mas estamos trabalhando para garantir que ela seja ouvida. Enquanto houver sofrimento animal, continuaremos a servir como voz para esses seres.
VW: Na visão de vocês, a marcha foi bem-sucedida?
Shlomi: A marcha foi um evento extraordinário, tocante e único. Estou muito honrado e orgulhoso por ter feito parte dela. É difícil avaliar o efeito do protesto, mas, ao mesmo tempo, não se pode subestimar a importância de uma cooperação como essa, a qual demonstra que literalmente todas as pessoas podem se unir para promover a justiça e os princípios éticos que deveriam ser comuns a todos nós. Para mim, as questões de direito animal são extensões diretas dos direitos humanos e, ao promover essas questões, também promovemos valores de justiça, compaixão e paz. Eu acredito que a marcha refletiu esses valores, e que ela ficará marcada na nossa memória coletiva enquanto movimento durante muito tempo.
Foto: Omer Shalev
Foto: Omer Shalev

VW: Se vocês pudessem deixar uma mensagem para os nossos leitores, qual seria?
Sharbel: Cada alma usurpada pela violência viola a humanidade como um todo.
Shlomi: Não há nenhuma justificativa para a exploração dos animais. Se você acredita que o assassinato e a imposição desnecessária de sofrimento são errados, então você deve aderir ao veganismo.

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