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Paleontólogo descobre tocas de tatus gigantes no sul do Brasil

11 de maio de 2009
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Cerca de 60 túneis intactos escavados por tatus gigantes foram descobertos em solo brasileiro pelo paleontólogo Francisco Buchmann, professor do campus do Litoral da Unesp – Universidade Estadual Paulista, em São Vicente. Esses gigantes, extintos há 10 mil anos, pareciam-se muito com o tatu atual, com a diferença de atingirem um metro de altura e até 2 metros de cumprimento. Os túneis – chamados de paleotocas – concentram-se na região sul do país e podem se estender por centenas de metros.
Desde 2000 o paleontólogo busca e estuda essas ‘tocas’. No último dia 6 de maio, o estudo sobre a maior concentração de túneis, descoberta em outubro de 2008 em Novo Hamburgo, RS, foi apresentado na 24ª Jornada Argentina de Paleontologia de Vertebrados. Buchmann e seus colaboradores são os primeiros a encontrarem no Brasil as tocas desobstruídas e com marcas das garras e da carapaça do animal que os escavou. Com o paleontólogo, trabalham o geólogo Heinrich Frank e os estudantes Felipe Caron e Leonardo Lima, da UFRGS -Universidade Federal do Rio Grande do Sul, além da paleontóloga Ana Maria Ribeiro e o estudante Renato Pereira Lopes, da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
De acordo com o pesquisador, esses animais começaram a evoluir há 60 milhões de anos para ocupar o vazio deixado pela extinção dos dinossauros. Eles viveram na América do Sul entre 10 milhões e 10 mil anos atrás aproximadamente e desapareceram totalmente devido a mudanças climáticas. ‘O índio brasileiro conviveu com esses tatus gigantes’, diz Buchmann. ‘Em Santa Catarina, índios e outros animais usavam as tocas como casa’, completa o paleontólogo.
Ainda não se sabe exatamente que espécie de tatu gigante foi responsável pela construção das galerias subterrâneas no sul do Brasil. Até agora, as evidências sugerem que o escavador foi um tatu dos gêneros extintos Propraopus ou Eutatus. As únicas pistas são as marcas de carapaça, cotovelos, pêlos e principalmente garras impressas nas paredes. Buchmann registra essas marcas em silicone para depois tentar comparar com fósseis em museus. Mas, com as paleotocas, os pesquisadores podem estudar quais eram os hábitos dos tatus gigantes – mais do que é possível saber apenas com a análise de seus ossos fossilizados.
Proposta para que um dos túneis encontrados – a paleotoca de Cristal, no Rio Grande do Sul – seja preservado como patrimônio natural da humanidade foi aprovada pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos em 2008. Buchmann e sua equipe trabalham agora na elaboração do texto que permitirá o registro definitivo do sítio geológico e a sua conservação.
Fonte: Revista Globo Rural

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